Foi registado um aumento do número de processos de promoção e proteção de crianças e jovens menores de idade instaurados pelo Ministério Público a partir de várias Comissões de Proteção de Crianças e Jovens da comarca de Lisboa Oeste, adianta hoje o jornal Público. 

Não estando ainda disponíveis dados das comissões de proteção referentes a 2021, o diário cita os valores transmitidos pela procuradora-geral adjunta e coordenadora do MP da comarca de Lisboa Oeste, Luísa Verdasca Sobral. Esta adianta que se em 2019 tinham sido avançados 856, em 2021 subiram para 946 processos.

Este aumento de quase 100 casos em dois anos, aponta a magistrada, deve-se a um “agravamento dos comportamentos violentos e das tensões no agregado familiar”, provocado pela “crise económica associada à pandemia”, que se “refletiu na saúde mental dos adultos”.

A presidente da CPCJ de Sintra, Sónia Costa, diz à publicação que a “degenerescência dos casos de saúde mental nas crianças e adolescentes” com “tentativas de suicídio, perturbações de ansiedade, comportamentos de oposição e desafio e dependência de Internet” foram causadoras do “aumento de número de situações de perigo”. 

Já Joana Pinto, da CPCJ da Amadora, reconhece que um dos problemas detetados é a falta de “resposta adequada para estas crianças” e dá enfoque a um défice na área da pedopsiquiatria, que diz vir de “há muitos anos”. Para Joana Pinto, os jovens devem ser acompanhados por “equipas especializadas”.

Contudo, a ausência de acompanhamento no que toca à saúde mental também afeta os mais velhos. Para a procuradora Luísa Verdasca Sobral, a ameaça de desemprego e do lay-off foram situações desestabilizadoras para as famílias, sendo que “na área da saúde tem de haver respostas de intervenção prioritária particularmente na área da saúde mental”.