Esta celebração judaica, que se chama Pessach e que comemora a libertação do povo hebreu da escravidão do antigo Egito, dura uma semana, durante a qual as famílias reúnem-se em torno de refeições rituais e partilham histórias bíblicas.
A segunda-feira é o primeiro dia de celebração, na qual o Seder ("ordem" em hebraico), uma refeição ritual, é preparado à noite. Na ocasião, os judeus leem o Hagadá, texto antigo que narra o Êxodo e o desejo dos judeus de chegar à Terra Prometida.
Este ano, muitas famílias deixaram uma cadeira vazia, um símbolo de esperança no regresso dos reféns sequestrados pelo movimento islamista palestiniano Hamas.
No dia 7 de outubro, combatentes deste grupo realizaram o ataque mais sangrento desde a criação do Estado de Israel em 1948, causando a morte 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.
Mais de 250 pessoas foram sequestradas nesse dia, das quais 100 foram libertadas durante um cessar-fogo em novembro. Segundo Israel, 34 pessoas sequestradas morreram.
Rachel Goldberg-Polin, cujo filho Hersh é mantido em cativeiro em Gaza, disse que a Páscoa deste ano terá o sabor do luto e da espera.
O Exército israelita está mobilizado em diversas frentes desde 7 de outubro, na Faixa de Gaza e na fronteira com o Líbano. As tensões com o Irão também estão em alta.
Durante o Seder, as cadeiras de vários militares também ficaram vazias, incluindo aqueles que estão mobilizados nas operações aéreas e terrestres em Gaza, que deixaram mais de 34 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do território palestiniano.
"Está tudo em ponto morto. Ninguém sabe como avançar, nem do nosso lado nem do lado do Hamas", afirmou Gershon Baskin, ativista israelita que participa na mediação para a libertação dos reféns.
Mai Albini, cujo avô Chaim foi sequestrado em 7 de outubro, não comemorou a Páscoa neste ano: "Como podemos celebrar uma festa estando assim?"
Centenas de pessoas levaram o seu descontentamento às ruas e queimaram uma mesa simbólica de Seder em frente à residência do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
“Ele não quer resgatar os reféns porque não quer que a guerra termine, ou irá para a prisão”, disse o manifestante Guy Ben Dror, na cidade de Cesareia.
Para David Stav, diretor da organização rabínica Tzohar, esta Páscoa "é muito difícil". "Na noite mais tradicional do Seder, costuma-se mencionar o que falta e o que é difícil, e não ignorar isso", explica.
O Fórum de Familiares de Reféns e Pessoas Desaparecidas publicou uma edição especial do Hagadá que "incorpora novas esperanças e mensagens" com contribuições de familiares de reféns.
A Pessach também será diferente este ano para cerca de 120 mil israelitas exilados no seu próprio país, que fugiram dos combates entre o Exército, o Hamas e o movimento libanês Hezbollah. Muitas cidades fronteiriças no norte e no sul são agora cidades fantasmas.
Os moradores do kibutz Beeri, um dos mais atingidos no dia 7 de outubro, celebrarão um Seder numa praça de Tel Aviv, onde há meses são realizadas manifestações para exigir a libertação dos reféns.
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