“Este ano temos, infelizmente, um número um bocadinho elevado (…) de 11 óbitos, que, comparando com o igual período do ano passado, superou em dois casos. Isso é muito preocupante para nós, estamos a falar de picadas de cobra e mordida de crocodilo ”, disse hoje aos jornalistas o diretor provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente em Manica, Rafael Silvestre Manjate.

O responsável apontou os distritos de Bárue e Mossurize como zonas críticas destes ataques, com as autoridades locais a proporem a colheita de ovos destes répteis como forma de controlo populacional.

“É importante que começamos a fazer a recolha de ovos, dos répteis. Temos um número muito elevado de répteis. Por exemplo, o rio Zambeze é um assunto muito sério (…). A questão da coleta de ovos é para nós podermos controlar os nascimentos, sentimos que temos nascimentos excessivos de répteis. O crocodilo acaba tendo um número muito grande de filhotes, então, para nós, é importante que essa atividade seja feita”, acrescentou Silvestre.

O diretor provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente em Manica defendeu, desta forma, a necessidade de a “nível central” ser dada “luz verde” para avançar com a medida: “Como forma de reduzir o número de nascimentos e garantir a vida dos outros animais”.

O caso mais recente destes ataques em Manica ocorreu em Vanduzi, onde três irmãos, de 11, 15 e 17 anos, foram arrastados por um crocodilo no rio Tembwe, um dos quais permanece hospitalizado, no Chimoio.

O número de mortos devido a ataques de animais selvagens quase triplicou num ano, chegando a 159 vítimas em 2023, segundo um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE), noticiado em setembro passado pela Lusa.

No relatório de Indicadores Básicos do Ambiente de 2023, o INE detalha que o número de óbitos por conflito homem – fauna bravia foi de 58 no ano anterior e de 56 em 2021, mas de 97 em 2020 e de 42 em 2019.

Mais de metade das vítimas mortais destes ataques em 2023 concentrou-se na província de Tete (70), seguindo-se a Zambézia (31), segundo os dados do INE, que referem ainda que só as províncias de Sofala e de Nampula não registaram óbitos.

Só a província de Tete soma 137 mortos desde 2019, de acordo com o histórico do INE.

No relatório acrescenta-se que o número de feridos nestes ataques também continua a crescer, afetando 114 pessoas em 2023, contra 70 no ano anterior, 51 em 2021, 66 em 2020 e 59 em 2019.