“Pertencia a um partido político na Venezuela e achei melhor procurar um futuro fora do país, para não ser preso e estou há três anos em Portugal. Tenho lá a minha família toda e amigos e é uma vida muito dura”, disse Alex, de 22 anos, em declarações à televisão SIC.

O jovem referiu que não tinha palavras para descrever os seus sentimentos, considerando que agora será o “início de um processo árduo para uma mudança e para que a Venezuela seja livre”.

As dezenas de pessoas presentes na iniciativa, marcada nas redes sociais, cantaram o hino da Venezuela e pediram o fim de Nicolas Maduro no poder, mostrando bandeiras e mensagens a pedirem mudanças no país.

“Vim para Portugal de férias, a caminho de Espanha, mas fui bem acolhido e fiquei por aqui. Sai da Venezuela porque a situação política e social no país é horrível e tenho esperança que agora mude”, defendeu Manuel, que está em Portugal há três anos.

Juan Guaidó autoproclamou-se hoje Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.

"Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres", declarou.

Para Juan Guaidó, "não se trata de fazer nada paralelo", já que tem “o apoio da gente nas ruas".

O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.

A 15 de janeiro, numa coluna de opinião publicada no diário norte-americano The Washington Post, Juan Guaidó invocou artigos da Constituição que instam os venezuelanos a rejeitar os regimes que não respeitem os valores democráticos, declarando-se “em condições e disposto a ocupar as funções de Presidente interino com o objetivo de organizar eleições livres e justas”.

Os Estados Unidos, o Canadá, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, o Equador, o Chile e a Costa Rica também já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Até agora, apenas México e Bolívia anunciaram que se mantêm ao lado de Nicolás Maduro.

A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Esta crise num país outrora rico, graças às suas reservas de petróleo, está a provocar carências alimentares e de medicamentos.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação deverá atingir 10.000.000% em 2019.