O filme, que chegou aos BAFTA com 12 indicações, superou nesta categoria os concorrentes "Um Completo Desconhecido", "Anora", "Emilia Pérez" e "O Brutalista".

O filme franco-belga "Emilia Pérez" ganhou, este domingo, a estatueta de melhor filme em língua não inglesa dos Prémios BAFTA da Academia Britânica de Cinematografia, e ultrapassou "Ainda Estou Aqui", a duas semanas dos Oscares.

"Emilia Pérez", dirigido por Jacques Audiard, um filme que conta a história de um narcotraficante mexicano que se submete a uma cirurgia de redesignação de género, superou a longa do brasileiro Walter Salles, passada na época da ditadura militar (1964-1985).

O diretor francês Jacques Audiard recebeu o prémio, dizendo-se "emocionado" e acrescentando que o prémio "era para todos os que trabalharam incansavelmente neste filme".

Audiard prestou homenagem aos outros filmes nomeados na mesma categoria, como o irlandês "Kneecap" e o brasileiro "Ainda Estou Aqui".

O diretor francês assinalou que gostaria de "agradecer aos talentos maravilhosos" que participam no filme, citandoa  sua "querida Zoe" Saldaña e Selena Gómez.

Também mencionou a atriz espanhola Karla Sofía Gascón, chamando-a de "querida". A atriz não esteve presente na cerimónia, devido à polémica por tweest xenofóbos que escreveu no passado.

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Momentos depois da longa ter vencido, Zoe Saldaña, de 46 anos, foi contemplada com o BAFTA de melhor atriz secundária.

"Tornou-se um personagem especial para mim", disse Saldaña, acrescentando que o facto do filme ter sido rodado em espanhol, a sua língua materna, o que lhe permitiu "conectar com minha cultura, com minha arte. Foi significativo para mim", disse a atriz, de origem dominicana.

Os dois outros nomeados para o prémio de melhor filme de língua não inglesa eram o indiano "All we imagine as light" e o iraniano "The seed of the sacred fig".

Já o ator americano Adrien Brody ficou com o prémio de melhor ator do BAFTA por seu trabalho em "O Brutalista", que conta a história de um arquiteto que sobreviveu ao Holocausto e procura alcançar o sonho americano.

O prémio de melhor atriz ficou com a também americana Mikey Madison pelo papel de uma stripper em "Anora".

"Ainda estou aqui" fica sem o BAFTA

"Ainda estou aqui", que já foi contemplado com o prémio de melhor filme no Festival de Cinema de Veneza e o Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres, além da recompensa de melhor filme ibero-americano nos Goya, há uma semana, saiu de mãos vazias dos BAFTA.

O filme conta a história de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres), viúva do deputado detido Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar, e dos cinco filhos do casal. Sequestrado por agentes do Estado em 1971, Rubens Paiva foi morto no cárcere, mas o seu corpo nunca apareceu.

O Brasil nunca julgou os crimes da ditadura que, segundo números oficiais deixou 202 mortos, 232 desaparecidos e milhares de vítimas de torturas e prisões ilegais.

A lei de amnistia, aprovada em 1979 pelo regime militar, impediu a punição dos culpados, embora a Comissão Nacional da Verdade tenha elucidado em 2012 que o Estado foi responsável.

O filme concorre aos Oscares, a 2 de março, em três categorias: melhor filme (sendo a primeira produção brasileira com esta indicação), melhor filme internacional e melhor atriz para Fernanda Torres.