“Nenhum bispo, por mais influente que seja, está acima da lei da Igreja. Para todos aqueles que McCarrick abusou, rezo para que este julgamento seja um pequeno passo, entre muitos, para a cura. Para nós, bispos, isso fortalece a nossa determinação de nos considerarmos responsáveis pelo Evangelho de Jesus Cristo”, disse.

A declaração do cardeal Daniel N. DiNardo, arcebispo de Galveston-Houston e presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos foi publicada no 'site' da organização, depois de ser público o afastamento de McCarrick.

A Congregação para a Doutrina da Fé expulsou hoje do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington Theodore McCarrick, depois de este ser acusado de abusos sexuais a menores e a seminaristas.

“Sou grato ao papa Francisco pela maneira determinada como liderou a resposta da Igreja”, disse o cardeal Daniel N. DiNardo, apelando às eventuais vítimas de situações idênticas que denunciem.

“Se sofreu abuso sexual nas mãos de alguém dentro da Igreja Católica, peço que contacte a polícia local e a sua diocese local ou paróquia. Os Coordenadores de Assistência às Vítimas estão disponíveis para ajudar. Estamos comprometidos com a cura e a reconciliação”, frisou.

A expulsão do ex-cardeal McCarrick surgiu na sequência de uma investigação ordenada pelo papa Francisco sobre o caso.

O papa já tinha afastado o arcebispo norte-americano do Colégio Cardinalício e tinha-lhe ordenado que permanecesse afastado de funções e recolhido até que se decidisse, num julgamento canónico, a veracidade das acusações de abusos sexuais de que era alvo.

A Congregação para a Doutrina da Fé considera McCarrick culpado de acusações abusos sexuais de menores e adultos com a agravante de abusos de poder e por isso impôs-lhe a redução ao estado laico, refere o comunicado do Vaticano hoje divulgado.

"O Santo Padre reconheceu a natureza definitiva, de acordo com a lei, desta decisão, que faz com que o caso esteja resolvido, ou seja, não suscetível de recurso", adianta.

A redução ao estado laico prevê que não se possa administrar sacramentos, vestir-se como um sacerdote e receber qualquer tipo de salário.

McCarrick, de 88 anos, e arcebispo de Washington entre 2000 e 2006, foi acusado de abusar sexualmente de menores e de comportamentos indevidos com jovens sacerdotes.

Em 20 de julho, um homem rompeu o silêncio depois de 40 anos e assegurou ao jornal norte-americano The New York Times que o ex-cardeal tinha abusado dele quando era menor de idade, uma situação que presumivelmente se terá prolongado durante duas décadas.

A decisão da Congregação para a Doutrina da Fé surge poucos dias antes da realização no Vaticano de uma cimeira histórica contra os abusos de menores com a participação de religiosos que foi convocada por Jorge Bergoglio para 21 e 24 de fevereiro.

McCarrick (Nova Iorque, 1930) foi ordenado cardeal por João Paulo II e participou no conclave de abril de 2005 que elegeu o pontífice Bento XVI.

A perda do 'barrete cardinalício' só teve um único precedente na história da Igreja católica, designadamente em 13 de setembro de 1927 e não estava relacionada com os abusos sexuais, quando o cardeal Louis Billot que tinha apoiado o movimento antifascista e antissemita "Action Française", foi condenado por Pío XI e depois de ser recebido pelo Papa deixou o cargo.

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