“Os combates intensos em torno de Avdiivka nos últimos dias, que implicam um pesado bombardeamento com armas proibidas e causam um grande número de vítimas, são uma violação flagrante do cessar-fogo estipulado nos acordos de Minsk”, lê-se no comunicado.
O comando militar ucraniano denunciou hoje novos bombardeamentos massivos contra a cidade de Avdiivka, cerca de 15 quilómetros ao norte de Donetsk, o principal reduto dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
“As tropas de ocupação atacaram na noite passada os arredores de Avdiivka com mísseis Grad (…) várias casas foram destruídas”, segundo o quartel-general das tropas ucranianas deslocadas na região do conflito.
De acordo com o comunicado do comando militar, publicado na rede social Facebook, os separatistas lançaram mais de 80 mísseis Grad contra as posições das tropas ucranianas em Avdiivka, zona onde as ações militares recrudesceram nos últimos dias.
O agravamento da situação obrigou o Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, a interromper a sua visita oficial à Alemanha na noite de segunda-feira.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, que responsabiliza as “tropas de ocupação russas” pelo ataque, os bombardeamentos deixaram as cidades de Avdiivka e Yasinovataya sem eletricidade.
“Nesta região mais de 400.000 pessoas ficaram sem eletricidade, água e aquecimento”, de acordo com uma declaração do ministério divulgada na segunda-feira.
“Estas ações do Kremlin podem ser qualificadas como um crime de guerra, já que violam a Convenção de Genebra”, segundo o ministério, apelando à comunidade internacional que pressione a Rússia para por fim à escalada de violência e evitar uma catástrofe humanitária.
Em dois dias, oito militares ucranianos morreram e outros 26 ficaram feridos, segundo aquele ministério.
Por seu lado, a chefia das milícias pró-russos da autoproclamada República Popular de Donetsk assegurou hoje que entre domingo e segunda-feira as tropas ucranianas sofreram 78 baixas mortais.
Quase dois anos depois da assinatura dos acordos de Minsk para a paz na Ucrânia, os combates continuam esporadicamente na zona de conflito e as partes estão longe de cumprir com o pacto mediado pela Rússia, França e Alemanha.
Os acordos contemplam, para além do cessar-fogo, a concessão de um estatuto de governo especial da região separatista pró-russa, a reforma constitucional e a celebração de eleições locais e nos territórios separatistas.
Kiev, no entanto, nega-se a avançar com a parte política dos acordos sem recuperar o controlo de trechos da fronteira com a Rússia, que estão nas mãos dos rebeldes.
Segundo dados da ONU, em quase três anos de conflito na Ucrânia, foram mortos em torno de 10.000 pessoas, entre combatentes e civis.
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