Numa carta divulgada hoje, o cardeal Marc Ouellet faz uma crítica contundente ao ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, o arcebispo Carlo Maria Vigano, que em agosto acusou o Papa de encobrir a má conduta de Theodore McCarrick.

Marc Ouellet considera que essas alegações são uma “blasfémia” e uma “montagem política” e exige que mostre arrependimento.

“Em resposta ao seu ataque injusto e injustificado sobre os factos, querido Vigano, concluo que a acusação é uma montagem política desprovida de substância real que poderia incriminar o Papa”, disse o cardeal.

O cardeal Marc Ouellet afirmou ainda que não há evidência documental que sustente as alegações de Vigano de que Francisco anulou as sanções contra McCarrick.

A carta de Marc Ouellet foi publicada um dia depois de Francisco ter autorizado um “estudo minucioso” a todos os arquivos do Vaticano para apurar como McCarrick subiu na hierarquia da igreja apesar das alegações de que molestava sexualmente jovens seminaristas e padres.

Ouellet disse que a análise dos arquivos permite indicar que não existem documentos sobre quaisquer sanções a McCarrick impostas ou anuladas.

Em junho, Theodore McCarrick foi afastado do colégio cardinalício e o Papa argentino “ordenou a sua suspensão do exercício de qualquer ministério público, assim como a obrigação de permanecer em casa que lhe será destinada para uma vida de oração e penitência”.

Num documento de onze páginas, Carlo Maria Vigano, acusou em agosto o Papa e um grande número de membros da Cúria Romana de terem encoberto por anos os abusos do cardeal sobre seminaristas e padres.

Carlo Maria Vigano referiu que o Papa Francisco anulou as sanções canónicas a Theodore McCarrick, que tinham sido impostas pelo Papa Bento XVI em 2009 e 2010, salientado que o Vaticano sabia, pelo menos desde 2000, que o antigo cardeal molestava sexualmente e assediava menores e adultos.

A 13 de setembro, o Papa recebeu em audiência os membros da presidência da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, acompanhados pelo cardeal Sean Patrick O'Malley, presidente da Comissão para a Tutela dos Menores, tendo lhe sido pedido que autorizasse uma investigação do Vaticano sobre o caso de Theodore McCarrick.