"Esta moção global de estratégia não só traz um claro caminho de compromisso e de reforço naquela que é a ideologia do PAN, mas também um caminho claro de reforço interno e de debate plural que se quer participado”, na perspetiva que todos fazem parte “de um mesmo caudal e que será esse caudal que dará força às causas do PAN”, defendeu.

A deputada, que deverá assumir a liderança do Grupo Parlamentar do PAN depois da atual líder, Inês Sousa Real, ser eleita porta-voz do partido, considerou também que a moção que vai definir a estratégia do partido para os próximos dois anos "congrega não só uma visão plural" das causas do PAN, "mas uma visão também interna de estratégia, na perspetiva de consolidação e de reforço daquele que é o caminho que o PAN tem e quer fazer na sociedade portuguesa".

Ao longo da sua intervenção, a deputada, que é também candidata à Comissão Política Nacional, deixou críticas a vários membros do Governo, a começar pela ministra da Agricultura.

Desde logo, lembrou o caso do agricultor Luís Dias, que está em greve de fome há quase um mês em frente ao Palácio de Belém, pedindo apoios do Estado na sequência da destruição da sua exploração, e deixou a sua "total solidariedade".

"Para além de incompetência, neste momento já falamos de crueldade", salientou a deputada, falando em "falta de compromisso e de resposta real aos problemas reais dos agricultores", além de "falta de vontade política em travar uma greve de fome".

Apontando uma falta de vigilantes da floresta, lamentou que o Ministério do Ambiente "desvalorize" estes profissionais.

Referindo igualmente "o flagelo dos direitos humanos" em Odemira, Bebiana Cunha assinalou a "correlação que existe entre a forma como se exploram pessoas e se depreda e explora a natureza", e salientou que o Parque Natural do Sudoeste Alentejano "deveria estar protegido, deveria já ter implementado um programa de ordenamento", acusando o Governo de continuar sem "fazer o trabalho de casa".

"O PAN, assumindo as suas responsabilidades, já deu seguimento com vista a suspender aquelas que são as possíveis instalações agrícolas intensivas neste parque natural", indicou também.

Indicando que o executivo liderado pelo socialista António Costa "faz bandeira" da educação inclusiva, Bebiana Cunha lamentou que "é o mesmo governo" que não implementa "estratégias que efetivamente o garantam".

No que toca à saúde, a também líder da distrital do Porto disse que falta saber se os profissionais da linha da frente no combate à covid-19 "vão ser reconhecidos e se efetivamente vão ser integrados no Serviço Nacional de Saúde".

Falando também das eleições autárquicas de setembro ou outubro, indicou que o PAN “estará presente onde as pessoas quiserem que PAN esteja”.

Na sua intervenção, a dirigente criticou também a atitude da presidente da Junta de Freguesia da Azambuja ao dizer que os artistas seriam escolhidos com base em serem a favor ou contra as touradas, acusando-a de discriminação e de mostrar "tiques ditatoriais".

Antes, durante o debate em torno da moção estratégica, Beatriz Salafranca lamentou que a lista candidata à Comissão Política Nacional tenha "tão baixa participação jovem" e ofereceu-se para integrar a futura estrutura de juventude do PAN, pedindo que os jovens não sejam colocados "numa gavetinha".

Bebiana Cunha respondeu à jovem, dizendo que o PAN "não quer ser a voz do jovens mas quer que os jovens tenham espaço no PAN para terem a sua voz".

Depois de, no arranque da sua intervenção, fazer uma piada com a forma como Inês Sousa Real se lesionou, tendo dito que mostrou "queda para a política", Bebiana Cunha elogiou o "altruísmo" que demonstrou ao ter marcado presença do congresso.

Já antes de deixar o púlpito, elogiou os congressistas: "Somos 'pantásticos'".