Um dia depois de o presidente do PSD ter afirmado à TVI que, se fosse primeiro-ministro, impediria a reunião comunista, devido ao agravamento da pandemia de covid-19, Jerónimo de Sousa devolveu críticas e acusações e registou a “arrogância de Rui Rio em relação ao PCP, dizendo que proibia o congresso”.

“Foi pena não explicar como. Se era pôr a Constituição de quarentena, se era aceitar, passivamente, que a par do agravamento no plano social, laboral e económico se acrescentasse também esse princípio fundamental do exercício das liberdades. É um caminho perigoso”, afirmou Jerónimo de Sousa, em entrevista à agência Lusa, que será divulgada na íntegra no domingo.

Na entrevista, o líder dos comunistas deu uma explicação possível para estas críticas ao PCP, “tendo em conta a situação interna que [o PSD] está a viver”.

“Tenta atirar ao lado como manobra de distração, na medida que tem grandes responsabilidades em que um setor da extrema-direita, neste momento, esteja a ser o centro da direita”, afirmou, sem nunca se referir diretamente ao Chega.

Neste quadro, acrescentou, o CDS está a ter “um papel secundário, ou menos que isso” e também o PSD, “um partido com aquela dimensão, neste momento perdeu esse centro da direita, recorrendo a esse partido da extrema-direita”.

Este comentário surgiu depois de criticar algumas das medidas adotadas pelo Governo para conter o surto epidémico, que têm tido consequências sociais, laborais e económicas, e alertou que não devem pôr-se em causa direitos, liberdades e garantias, ou ainda direitos políticos, como os que permitem a realização do congresso.

Na entrevista à TVI, o líder do PSD foi questionado sobre a possibilidade de impedir o congresso do PCP, se fosse chefe do Governo, e remeteu a solução de um eventual conflito para o primeiro-ministro, António Costa, e para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Na resposta, Rio afirmou quer “obviamente” tentaria impedir o congresso, acrescentando que “o Governo está a dizer que as regras são iguais para todos, menos para o PCP”, o que “pode levar a uma coisa muito perigosa que é as pessoas perderem o respeito ao Governo”.

O regime do estado de emergência estipula que “as reuniões dos órgãos estatutários dos partidos políticos, sindicatos e associações profissionais não serão em caso algum proibidas, dissolvidas ou submetidas a autorização prévia”.

Rui Rio fez ainda outra crítica aos comunistas, acusando o PCP de ser “prepotente, numa atitude de faço e faço mesmo”.

“Quem tem de arbitrar isto é o Governo e o Presidente da República”, concluiu.

Portugal contabiliza pelo menos 3.701 mortos associados à covid-19 em 243.009 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 191 concelhos.

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