Fonte oficial do PCP disse à Lusa que, entre os partidos com representação parlamentar, foram apenas convidados para o XXII Congresso do partido, em Almada, o PSD, o PS, o Livre, o Bloco de Esquerda, o PAN, bem como o Partido Ecologista “Os Verdes” – habitual parceiro de coligação eleitoral dos comunistas.

O PSD terá em Almada o seu vice-presidente da Comissão Política Nacional Carlos Coelho. Os deputados do PS João Torres, Eurídice Pereira e Ivan Gonçalves estão a representar os socialistas, adiantou o partido à Lusa.

O Bloco de Esquerda estará representado no encerramento do Congresso do PCP pelos antigos parlamentares Luís Fazenda e Mariana Aiveca. Do Livre, estão Sílvia Pais e Matias Feijoo a assistir ao discurso de encerramento de Paulo Raimundo.

Os ecologistas de “Os Verdes” estão representados por Dulce Arrojado, Afonso Luz, Victor Cavaco e Susana Silva. O PAN explicou à Lusa que, por impedimento de agenda, não conseguirá assegurar a presença de qualquer representante no Congresso, embora tenha sido convidado.

Como é habitual nos Congressos do PCP, os partidos mais à direita no hemiciclo – com exceção do PSD – ficam de fora da lista dos convidados para assistir ao último dia dos trabalhos.

PCP: "Queriam-nos derrotados e em debandada, mas encontraram-nos firmes e unidos"
PCP: "Queriam-nos derrotados e em debandada, mas encontraram-nos firmes e unidos"
Ver artigo

Ninguém contra, quatro abstenções

No último dia do congresso, a versão final da proposta de resolução política foi aprovada pelos cerca de mil delegados comunistas sem qualquer voto contra e com apenas quatro abstenções.

Esta votação, de braço no ar, aconteceu imediatamente antes do início da sessão de encerramento do congresso de Almada, que terá como principal momento o segundo discurso de fundo a cargo do secretário-geral do partido, Paulo Raimundo.

No último congresso do PCP, em Loures, em 2020, a proposta de resolução política apresentada pelo Comité Central do partido teve aprovação por unanimidade.

As atuais Teses – Projeto de Resolução tiveram uma primeira aprovação no final de setembro em reunião do Comité Central do partido, tendo sido depois alvo de debate interno por parte dos militantes.

PCP/Albano Nunes: Cuba, China e Vietname demonstram a “viabilidade e superioridade do socialismo”
PCP/Albano Nunes: Cuba, China e Vietname demonstram a “viabilidade e superioridade do socialismo”
Ver artigo

PCP vai ter candidato à Presidência da República

No documento, o PCP defende a apresentação de uma candidatura própria às eleições para Presidente da República em 2026 e considera que a situação política nacional é marcada pelo “prosseguimento e aprofundamento da política de direita”, a favor dos grupos económicos e do “grande capital”, e que tem sido implementada quer pelo PS, quer pelo PSD, que considera partilhar objetivos “em questões essenciais”.

O partido acrescenta ainda que essa política tem recebido o “apoio e a cumplicidade do Presidente da República” e contribuiu para “abrir campo e espaço político a forças reacionárias e retrógradas, Chega e IL, sucedâneas de PSD e CDS, que partilhando integralmente dessa política, beneficiam do engano a que muitos são conduzidos pela sua demagogia”.

Nesta análise à situação política nacional, o PCP é muito crítico do PS, que acusa de ter implementado “um percurso e opções que não descolam, no que é essencial, dos interesses do capital”.

Sobre o Governo atual da AD (Aliança Democrática), o PCP salienta que os seus primeiros meses de mandato “confirmam que PSD e CDS, em convergência com Chega a IL, procuram levar mais longe a política de direita, ao serviço do grande capital” e acusa o PS de mostrar “demissionismo para enfrentar as opções do atual Governo e maioria”.

Neste contexto, o PCP defende que a sua afirmação “como a verdadeira força de oposição e de alternativa emerge como um imperativo” e estabelece como objetivo “a rutura com a política de direita, a defesa do regime democrático, a afirmação da política patriótica e de esquerda e a construção da alternativa política”.

O partido reconhece que, desde o último Congresso do PCP, em 2020, tem assistido a uma “redução da influência eleitoral do partido”, mas refere que tem enfrentado “um prolongado enquadramento caracterizado pela hostilidade e menorização”.

No sábado, a proposta de composição do novo Comité Central do PCP foi aprovada pelos delegados ao Congresso do partido com 98,6% dos votos, contando com 959 votos a favor, seis contra e oito abstenções.

A Comissão Política e o Secretariado do PCP, órgãos executivos do partido, foram eleitos por unanimidade pelo novo Comité Central, assim como o secretário-geral, Paulo Raimundo.