O túnel que vai ligar as ruas do Ateneu Comercial e Alexandre Braga, no centro da cidade do Porto, servirá para acesso de cargas e descargas à cave do futuro Mercado do Bolhão.
Este é o segundo anúncio de procedimento para a “Empreitada de Construção do Túnel Urbano que liga a rua do Ateneu Comercial do Porto à rua Alexandre Braga” publicado em Diário da República (DR) pela empresa municipal de Gestão e Obras Públicas do Porto (GOPorto).
A GOPorto publicou a 13 de agosto o primeiro anúncio para a mesma empreitada, que fixava, contudo, em 3,55 milhões de euros o “valor do preço base do procedimento”, menos cerca de 1,3 milhões de euros do que o anunciado hoje.
A construção do túnel levará 365 dias (um ano) e as propostas deverão ser entregues num prazo de 30 dias.
A Lusa contactou hoje a Câmara do Porto para obter esclarecimentos sobre o motivo para ser lançado um novo concurso público para a empreitada do túnel, com um custo superior ao primeiro, e saber se este procedimento pode atrasar a conclusão da requalificação do espaço, prevista para 2020, mas não obteve resposta até ao momento.
De acordo com uma proposta aprovada por unanimidade pela Câmara do Porto a 22 de setembro de 2015, a que a Lusa teve acesso na ocasião, previa-se que o túnel tivesse “quatro metros de altura e duas vias de circulação com quatro metros de largura em cada sentido”, para acesso de cargas e descargas à cave do futuro Mercado do Bolhão.
Segundo a Memória Descritiva anexa à proposta aprovada em setembro de 2015 pela autarquia, na cave do Mercado do Bolhão “ficarão localizadas, além das áreas de armazenagem do mercado, diversas instalações técnicas”.
“Atendendo aos requisitos de exploração do Mercado do Bolhão, o acesso deverá comportar duas vias independentes com 3,50 metros de largura livre e quatro de altura. Para garantir a sobrelargura necessária em curva e alguma folga em altura […] ficou estabelecido com quatro metros de largura e 4,10 metros de altura, para cada via”, acrescenta o documento.
A 15 de maio deste ano, a Câmara divulgou no seu site que a obra de restauro do edifício do Mercado foi naquele dia adjudicada e que as “primeiras máquinas” já tinham entrado no edifício centenário, prevendo-se que a reabilitação fique pronta dentro de “dois anos”.
“Foi hoje consignada oficialmente a obra de restauro do Mercado do Bolhão. A partir de hoje contam-se dois anos para que fique pronta a obra que devolverá à cidade um dos seus mais importantes valores patrimoniais, intacto na sua essência e sempre como mercado tradicional e público, de frescos, como nasceu”, escreveu o município.
A autarquia acrescenta que “o ato de assinatura entre a Câmara do Porto e o consórcio responsável pela obra”, de 22 milhões de euros, “foi logo seguido da entrada das primeiras máquinas no edifício”.
A 2 de maio, a autarquia inaugurou o Mercado Temporário do Bolhão (MTB), situado a cerca de 200 metros do edifício “original”, na rua Fernandes Tomás, onde 5.600 metros quadrados acolhem 82 dos comerciantes do centenário espaço.
O atual projeto de recuperação do Bolhão, classificado como Monumento de Interesse Público em 2013, é a quarta iniciativa da Câmara do Porto para requalificar o espaço centenário ao longo dos últimos 30 anos.
Anunciado a 22 de abril de 2015, durante o primeiro mandato do independente Rui Moreira na Câmara do Porto, o atual restauro do Mercado do Bolhão foi adjudicado em novembro, mas foi preciso esperar por março para obter o último visto do Tribunal de Contas.
A primeira parte da modernização, orçada em 800 mil euros, arrancou em agosto de 2016, com o desvio de infraestruturas e de uma linha de água para as ruas Sá da Bandeira e Fernandes Tomás.
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