A divergência foi expressa na conversa telefónica de uma hora e dois minutos que os dois Presidentes mantiveram hoje acerca da tensão na Ucrânia.
A ameaça de sanções, com “custos severos e rápidos” por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados à Rússia, foi reiterada por Joe Biden, anunciou a Casa Branca.
Biden disse a Putin que, embora os EUA estejam preparados para resolver a questão pela via diplomática, estão "igualmente preparados" para outros cenários além da diplomacia.
Uma invasão russa da Ucrânia causaria "sofrimento humano generalizado" e reduziria o prestígio da Rússia no mundo, vincou Biden.
Por seu lado, o Kremlin, através de declarações à imprensa do conselheiro diplomático de Putin, Yuri Ushakov, denunciou o que considera ser a "histeria" norte-americana acerca da Ucrânia, mas acrescentou que os dois líderes decidiram “prosseguir os contactos entre ambos”.
"A histeria atingiu o seu apogeu. Nos últimos dias e horas, a situação foi levada ao absurdo", criticou Ushakov, dizendo que "os americanos estão a anunciar a própria data da invasão russa e, ao mesmo tempo, alimentam a força militar da Ucrânia".
O conselheiro de Putin reconheceu, todavia, que a conversa “foi bastante equilibrada e profissional por natureza".
"Os Presidentes concordaram que as opiniões expressas por Biden (seriam) consideradas em Moscovo e (seriam) levadas em consideração na reação" às respostas que a NATO e Washington devem fornecer às exigências de segurança da Rússia.
Biden falou com Putin a partir da residência oficial em Camp David, no Estado de Maryland, para onde foi sexta-feira à tarde.
Esta foi a primeira conversa direta entre os dois líderes desde 30 de dezembro, quando Biden e Putin deixaram claras as diferenças sobre a Ucrânia.
A conversa surgiu um dia depois de os EUA terem pedido aos seus cidadãos que deixem o território ucraniano nas próximas 24 a 48 horas devido à "clara possibilidade" de a Rússia atacar a Ucrânia durante as Olimpíadas de Inverno, que decorrem até ao próximo dia 20 de fevereiro em Pequim.
Apenas algumas horas antes da ligação, o governo dos EUA ordenou que 160 membros da Guarda Nacional da Flórida (uma das suas unidades de reserva militar) deixassem a Ucrânia como medida de extrema precaução.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ordenou "o reposicionamento temporário" desses 160 reservistas que estão na Ucrânia desde novembro passado, anunciou o Departamento de Defesa em comunicado.
Aqueles efetivos estão colocados na 53.ª Brigada de Combate de Infantaria e prestaram assessoria e treino às Forças Armadas da Ucrânia nos últimos meses.
Depois de deixar a Ucrânia, os 160 reservistas serão colocados noutros países europeus.
O Ocidente acusa a Rússia de ter reunido dezenas de milhares de tropas junto à fronteira da Ucrânia para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014, e de apoiar, desde então, uma guerra separatista no Donbass (leste ucraniano).
A Rússia nega essa intenção, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
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