Invocando o famoso aviso de Winston Churchill em 1936, “a era da procrastinação (…) está a chegar ao fim”, Al Gore disse hoje na cimeira da ONU sobre o clima (COP26) que decorre em Glasgow que os impactos do aquecimento global iriam em breve estimular a ação.

"Estamos agora a sofrer as consequências da crise climática em todas as partes do nosso mundo", disse Al Gore, fazendo eco das palavras de Winston Churchill. "Os cientistas advertiram-nos que estas consequências estavam a chegar", disse.

Al Gore, responsável pelo premiado documentário “Uma verdade inconveniente”, sobre as alterações climáticas, elogiou os países e empresas que recentemente se comprometeram em reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, mas acrescentou que o cumprimento desses compromissos deve ser acompanhado de perto.

O Nobel da Paz defendeu uma "transparência radical" que inclua a monitorização das emissões a partir do solo, do mar, pelo ar e por satélite para identificar os responsáveis pela libertação de gases com efeito de estufa para a atmosfera.

E advertiu que o número crescente de refugiados climáticos esperados nas próximas décadas arriscava-se a desencadear "xenofobia e raiva" que, por sua vez, poderia alimentar um populismo autoritário em todo o mundo.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.