Catarina Martins falava aos jornalistas no decorrer de uma manifestação realizada em Lisboa, inserida numa marcha em defesa de uma maior justiça climática e exigindo mais ação aos líderes políticos mundiais para se definirem medidas concretas para travar o aquecimento global.
A dirigente do BE referiu que, apesar da Cimeira do Clima estar a ser uma “desilusão”, há ainda tempo para se tomarem medidas efetivas, realçando que “quem achar que a força dos ambientalistas não serve para nada desengane-se”, pois a mobilização dos ativistas em todo o mundo é fundamental para salvar o planeta.
“São os ativistas climáticos que estão a fazer a diferença em todo o mundo, que estão a acordar todo o mundo para a necessidade de medidas efetivas”, disse Catarina Martins, congratulando-se com a recente aprovação pelo parlamento da Lei de Bases do Clima que, sublinhou, impede a prospeção de petróleo e gás natural em território português, “algo que parecia impossível” de alcançar nos últimos anos.
A líder do BE salientou que esta lei “tem de sair do papel” e que é preciso haver investimento na reconversão energética e na descarbonização da economia.
Sublinhou ainda que o BE gostaria que o diploma aprovado tivesse “ido mais longe”, mas que a lei é importante para tornar o território nacional “mais seguro”, abrindo caminho à transição energética.
Catarina Martins aproveitou a ocasião para criticar o Governo por ter assinado recentemente contratos de exploração mineira ao “arrepio da vontade das populações”.
Reconheceu que o Governo estava em plenos poderes, mas enfatizou que “não devia ter feito o que fez” nessa matéria.
A líder do BE aconselhou o Governo a utilizar tais poderes para realizar os aumentos prometidos que em nada dependem do Orçamento de Estado (OE), aludindo ao aumento do salário mínimo, das pensões e do ligeiro descongelamento dos salários.
Quanto aos contratos de exploração mineira firmados pelo executivo, Catarina Martins prometeu que essa matéria “voltará a debate no parlamento”, por iniciativa do BE, porque as “populações têm que ser ouvidas”.
“O interior do país tem que ser respeitado, não pode ser o depósito que a atividade económica que não se quer”, frisou, notando que a opção tomada pelo Governo nesse domínio não pode ser o caminho do futuro.
“Cá estarmos para fazer essa luta também. A luta climática é também uma luta por justiça social”, concluiu.
Decisores políticos e milhares de especialistas e ativistas reúnem-se até sexta-feira na COP26 para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e aumentar o financiamento para ajudar países afetados a enfrentar a crise climática.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7.
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