“Esta tentativa de dissimulação tóxica pode fazer o mundo cair da falésia climática. Esta farsa deve acabar”, insistiu, saudando o relatório do grupo de especialistas em neutralidade carbónica que lhe foi entregue na COP27, a decorrer no Egito.

Segundo o estudo, as promessas de neutralidade carbónica das empresas e dos investidores são “incompatíveis” com novos investimentos nas energias fósseis.

“Do mesmo modo, a desflorestação e outras atividades que destroem o ambiente desacreditam” aquelas promessas, considerou o grupo criado pelo secretário-geral das Nações Unidas.

Contra a ‘lavagem verde’ (greenwashing) de atores privados que fazem promessas no ar de neutralidade carbónica, os especialistas dizem ser necessário acabar com o investimento em combustíveis fósseis, com a “compensação” acessível das emissões de gases com efeito de estufa e com a desflorestação.

Os 18 especialistas elaboraram em poucos meses um guia para avaliar o grau de credibilidade dos atores não estatais que se comprometem com a neutralidade carbónica. Afastar-se de “atividades ambientalmente destrutivas” é condição chave para a credibilidade.

O relatório considera ainda que as promessas a longo prazo devem ser acompanhadas de um plano preciso, com objetivos para cada período de cinco anos.

A mensagem enviada aos diretores executivos e outros atores privados “é clara”, sublinhou Guterres: “respeitem aquelas normas e revejam as vossas diretrizes a partir de agora, o mais tardar até à COP28”, daqui a um ano.

O secretário-geral da ONU pediu ainda aos governos para “criarem um quadro regulamentar” que contemple as recomendações dos especialistas.

Até o próximo dia 18, decorre em Sharm el-Sheikh, no Egito, a 27.ª cimeira da ONU sobre alterações climáticas, para tentar travar o aquecimento do planeta, limitando o aquecimento global a 2ºC (graus celsius), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.