No exterior da igreja do Monte, eram mais as pessoas nas escadas e exterior do templo a rezar de mãos dadas do que as estavam no interior a assistir à primeira missa do novo pároco, o cónego Vítor Gomes, que regressou aquela paróquia, substituindo o padre Giselo Andrade.

Nobélia Rebolo, porta-voz dos movimentos daquela igreja, declarou que esta ação não representava um “protesto, mas uma manifestação de apoio” ao padre Giselo Andrade, que disse sexta-feira a última missa naquela igreja, nos arredores do Funchal, num ambiente de muita emoção e lágrimas.

Giselo Andrade afirmou que, após nove anos no Monte, ia "em paz, para outra paragem anunciar, de outra forma, o Reino de Deus".

A dispensa deste sacerdote gerou alguma polémica, tendo dado lugar mesmo a um abaixo-assinado para que permanecesse naquela igreja.

Em 28 de janeiro deste ano, a Diocese do Funchal anunciou que o pároco da freguesia do Monte, na Madeira, que assumiu publicamente a paternidade de uma criança, em agosto do ano passado, fora dispensado e substituído por outro, embora continue a exercer o ministério sacerdotal.

Na nota, a diocese recordou que os padres católicos “aceitam e comprometem-se, em plena liberdade, a viver o dom do celibato”, argumentando que “toda esta situação gerou nos órgãos da comunicação social e nas redes sociais uma oportunidade de debate e reflexão, mas também uma ocasião ou motivo para questionar e contestar a atual disciplina da Igreja”.

Também referiu que “a Igreja não é estática, é dinâmica, tem uma história que lhe permite reconhecer e avaliar os seus valores e as suas faltas, o positivo e o negativo da sua presença junto das pessoas e da sociedade”.

Contudo, vincou que “as mudanças não se operam por razões de mera popularidade ou estatística de opiniões”.

“Relativamente ao pároco do Monte, ele próprio manifestou o desejo de continuar a exercer o ministério sacerdotal, nas condições exigidas pela Igreja”, sublinhou.

A diocese do Funchal ainda declarou que a Igreja “sentiu a necessidade de um discernimento claro, em ordem a uma opção responsavelmente assumida e maturada na reflexão e na oração, um discernimento feito com serenidade e livre de pressões, acompanhado pelo bispo da Diocese” do Funchal.

Concluiu que o padre Giselo pode “continuar a exercer o ministério pastoral, através de algumas atividades que lhe estavam já confiadas, na área das comunicações, e outras que eventualmente lhe sejam atribuídas”.

O novo pároco do Monte, na primeira missa de hoje leu uma mensagem do bispo da Diocese do Funchal, António Carrilho, referindo que o anterior padre está num “período de reflexão” e pediu apoio dos paroquianos para prosseguir o trabalho nesta paróquia.