"Tenho o prazer de vos informar que o secretário de Estado Pompeo está de regresso da Coreia do Norte com três cavalheiros que toda a gente está ansiosa por receber. Parecem estar de boa saúde. Também, foi uma boa reunião com Kim Jong-un. Data e hora [do encontro entre o líder norte-coreano e Trump] estão marcadas", escreveu Trump no Twitter, sem porém avançar mais detalhes.

Em causa está a libertação de três detidos com nacionalidade norte-americana, algo que era esperado nesta visita de Mike Pompeo à Coreia do Norte.

Pompeo foi enviado numa visita não anunciada — a segunda em semanas, mas a primeira como secretário de Estado — para lançar as bases de um encontro sem precedentes entre Donald Trump e Kim Jong-un.

O itinerário de Pompeo — incluindo com quem se iria encontrar em Pyongyang — não era público, pelo que a imagem divulgada pela Casa Branca (no topo) e a mensagem de Donald Trump confirmam que os contatos foram ao mais alto nível.

O encontro entre Pompeo e Kim Jong-un, e a libertação dos detidos, é mais um sinal de aproximação entre Pyongyang e Washington.

Depois de anos de tensões e sanções cada vez mais rigorosas sobre os programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, o diálogo com a península rapidamente acelerou, e com vários interlocutores.

Esta terça-feira, Kim Jong-un encontrou-se com o presidente chinês Xi Jinping na China — pela segunda vez em seis semanas. Pequim faz questão de evitar ser deixado de fora das manobras diplomáticas que levaram ao encontro histórico de Kim, no mês passado, com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e do seu esperado encontro com Trump. Hoje teve lugar uma cimeira trilateral, a primeira em mais de dois anos, entre os três vizinhos do nordeste da Ásia. Neste encontro, os líderes do Japão, China e da Coreia do Sul demonstraram o seu apoio ao acordo alcançado entre Pyongyang e Seul sobre a "total desnuclearização" e a paz duradoura na península coreana, comprometendo-se a cooperar para alcançar tais objetivos.

Trump não revelou a identidade dos prisioneiros libertados, mas o caso diz respeito a um investigador, um professor e um empresário, sendo eles:

Kim Hak-song

Kim Hak-Song trabalhava para a Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang quando foi preso em maio de 2017. Kim estava envolvido num projeto de desenvolvimento agrícola na quinta experimental do instituto.

O investigador foi preso na estação de comboios de Pyongyang quando seguia para sua casa, na cidade chinesa de Dandong. As autoridades acusaram-no de cometer "atos hostis" contra o governo.

Kim, de cerca de 50 anos, nasceu em Jilin, na China, e estudou numa universidade da Califórnia, segundo a CNN, que cita um ex-colega de turma. De acordo com a mesma fonte, Kim Hak-Song voltou para a China após cerca de dez anos nos Estados Unidos.

A universidade norte-coreana, fundada por evangelistas cristãos estrangeiros, abriu as suas portas em 2010 e tem alguns professores norte-americanos. Os seus alunos são geralmente membros da elite norte-coreana.

Kim Sang-duk

Kim Sang-Duk, também conhecido como Tony Kim, foi preso em abril de 2017 no principal aeroporto de Pyongyang quando se preparava para deixar o país, depois de dar aulas durante várias semanas.

Kim era professor de contabilidade da Universidade de Ciência e Tecnologia de Yanbian na China, perto da fronteira com a Coreia do Norte.

De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, o professor terá cerca de 60 anos de idade e participava de programas para ajudar crianças em áreas rurais.

A Yonhap descreve-o como "um homem muito dedicado". O seu filho indicou no Facebook que a família não recebeu notícias desde a sua prisão.

Kim Dong-chul

Kim Dong-Chul, um empresário de cerca de 60 anos, foi sentenciado em abril de 2016 a 10 anos de trabalho forçado após a sua prisão por subversão e espionagem.

O empresário foi preso em outubro de 2015, quando recebeu uma pen com dados relacionados relativos às atividades nucleares e outras informações militares, segundo a agência oficial norte-coreana KCNA.

Em entrevista à CNN em janeiro de 2016, Kim explicou que recebeu o material de um ex-soldado norte-coreano. O empresário acrescentou que era naturalizado americano e morava em Fairfax, na Virgínia.

O empresário administrava na época uma empresa de comércio e de serviços de hotelaria e negócios em Rason, a zona económica especial da Coreia do Norte, perto da fronteira entre a China e a Rússia.

Um mês antes do seu julgamento, Kim Dong-Chul apareceu numa conferência de imprensa organizada pelas autoridades norte-coreanas para pedir desculpas por ter tentado roubar segredos militares em conluio com a Coreia do Sul. Os serviços de inteligência sul-coreanos negaram a informação.