“Desde o início de julho que existem sinais, nomeadamente descargas de água de arrefecimento, compatíveis com o funcionamento do reator”, indicou a AIEA no seu relatório anual.

O reator de Yongbyon terá estado parado desde o início de dezembro de 2018, precisa o relatório com data de sexta-feira.

O reinício deste reator, com uma capacidade de cinco megawatts, pode significar que Pyongyang continua com o seu programa de desenvolvimento nuclear em violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

O futuro daquele complexo nuclear foi um dos pontos de discórdia na segunda cimeira do líder norte-coreano, Kim Jong-un, com o Presidente norte-americano Donald Trump em 2019 em Hanói, que foi um fracasso.

A Coreia do Norte tinha proposto desmantelar uma parte do complexo de Yongbyon, mas não as suas infraestruturas de produção nuclear, em troca de um levantamento “parcial” das sanções económicas. A oferta foi rejeitada por Washington e desde então as negociações entre os dois países estão paradas.

O regime está sujeito a várias sanções internacionais devido aos seus programas militares, incluindo o nuclear, que estão proibidos e que avançaram significativamente sob a gestão de Kim Jong-un.

Os peritos da AIEA foram expulsos da Coreia do Norte em 2009 e, desde então, a agência da ONU vigia as atividades do país a partir do estrangeiro.

Recentemente surgiu também uma informação de que Pyongyang utiliza um laboratório radioquímico próximo para separar o plutónio do combustível usado no reator.

Os sinais de funcionamento do reator e do laboratório são “muito preocupantes”, declarou a AIEA, adiantando que estas atividades constituem uma “violação clara” das resoluções das Nações Unidas.

Um alto responsável do Departamento de Estado norte-americano declarou à agência France-Presse que aquele relatório “sublinha a necessidade urgente de diálogo e diplomacia para se conseguir a desnuclearização completa da península coreana”.

Adiantou que Washington “continua a procurar o diálogo com a República Popular Democrática da Coreia”, depois da semana passada o representante dos Estados Unidos para o país, Sung Kim, ter reiterado a vontade de se encontrar com os homólogos norte-coreanos “em qualquer lugar, a qualquer hora”.

Situado a uma centena de quilómetros a norte de Pyongyang, o complexo nuclear de Yongbyon integra dezenas de edifícios relacionados com o programa nuclear norte-coreano.

Aberto em 1986, foi lá que foi construído o primeiro reator norte-coreano, a única fonte de plutónio conhecida da Coreia do Norte. Mas o complexo não seria a única instalação de enriquecimento de urânio do país e o seu encerramento não significaria o fim do programa nuclear norte-coreano.