A partir de quarta-feira, a Coreia do Norte vai cortar o acesso rodoviário e ferroviário à Coreia do Sul, numa tentativa de “separar completamente” os dois países.

De acordo com a BBC News, os militares norte-coreanos vão "fechar e bloquear permanentemente a fronteira sul" e fortificar as áreas do seu lado.

O Exército Popular da Coreia (KPA) descreveu a medida como “uma forma de autodefesa para inibir a guerra”, alegando ser uma resposta aos exercícios de guerra na Coreia do Sul e à presença frequente de ativos nucleares americanos na região.

"A grave situação militar que prevalece na península coreana exige que as forças armadas da RPDC [República Popular Democrática da Coreia] tomem medidas mais resolutas e fortes para defender de forma mais credível a segurança nacional”, disse o KPA num relatório publicado pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA).

As estradas e ferrovias que vão da Coreia do Norte para o Sul raramente são usadas e foram, gradualmente, desmanteladas pelas autoridades norte-coreanas ao longo do último ano.

Esta decisão é uma forma de a Coreia do Norte alterar as relações com o Sul, no seguimento dos incidentes que pioraram as relações entre os dois países, entre eles, testes de mísseis ou balões de lixo lançados para a fronteira sul da Coreia do Norte.

No início do ano, Kim Jong Un, o líder norte-coreano, afirmou que já não procurava a reunificação das coreias, levantando preocupações de que uma guerra poderia recomeçar na península coreana.

“Acredito que é necessário rever alguns pontos da Constituição da RPDC”, disse Kim numa reunião da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte (APS) em janeiro.

“Na minha opinião, é necessário eliminar expressões como ‘metade norte’ e ‘independência, reunificação pacífica e grande unidade nacional’ na constituição”, acrescentou, sugerindo que a Constituição deveria ser revista “na próxima sessão”.

A sessão realizou-se no dia de ontem, no entanto, e embora muitos dos presentes esperassem por alterações constitucionais, nada foi divulgado.

Hong Min, analista do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, sugeriu que a Coreia do Norte pode estar à espera do resultado das eleições nos EUA, para "ajustar a extensão das revisões constitucionais e alinhar-se com a nova administração (dos EUA)", disse.