“A comunidade está revoltada com esta brincadeira”, disse à Lusa o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, que exige um “pedido de desculpas” à administração daquela rádio.
Na rubrica “Informação Privilegiada” do programa “Café da Manhã”, disponível ‘online’, o personagem ‘Gleidson’ do humorista Luís Franco-Bastos é questionado pelos apresentadores sobre a morte de 304 pessoas (números de terça-feira) na China por coronavírus, ao que responde: “nossa, que desgraça. Sobrou quantos? 378 mil bilhões? Ah, menos. Sobra até mais ‘wi-fi’. Quem sobrevive bota conteúdo no insta mais fácil”.
Novamente instado sobre a “gravidade da situação”, Franco-Bastos replica: “gente, chinês tem muito. Sabe que tem pouco, que a gente precisa tomar cuidado antes que desapareça? Homem alto, bonito, rico e engraçado. Isso tem pouco, sabe, é uma espécie que tem de ser preservada. Agora chinês? Tem um monte, relaxa”.
Em declarações à Lusa, Y Ping Chow destacou que “o humor é interessante sim, mas não é tudo”.
“Pode até ser humor, mas não poderia ser feito numa altura em que as pessoas estão tão focadas em apoiar e acalmar quem está preocupado por causa do vírus. Causou muito mal-estar na comunidade e queremos falar com a administração da rádio”, vincou o empresário radicado no Porto.
A Lusa tentou ouvir a RFM, mas tal não foi possível até ao momento.
Y Ping Chow acrescentou que a comunidade conta com “o apoio de muitos portugueses, que acharam desadequado o que foi feito na rádio”.
Adiantando que “ninguém da comunidade chinesa” quer avançar “para os tribunais” invocando “discriminação racial”, o presidente da Liga dos Chineses em Portugal entende que o “assunto não pode passar sem um pedido de desculpas”.
A rubrica “Informação Privilegiada – Gleidson comenta coronavírus” também está disponível na página oficial de Luís Franco-Bastos na rede Instagram, onde se multiplicam comentários críticos às afirmações do humorista.
A China elevou hoje para 490 mortos e mais de 24.300 infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Foram 64 as mortes na China registadas nas últimas 24 horas, segundo as autoridades de Pequim.
A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
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