“Não, não sabia disso. E mal soube fiz aquilo que obviamente se impunha, que era demiti-lo”, declarou António Costa aos jornalistas à entrada para a reunião Comissão Política do PS, em Lisboa.
Durante as buscas realizadas na residência oficial do primeiro-ministro, na terça-feira, no âmbito do processo que envolve suspeitas de negócios com lítio e hidrogénio, os investigadores da PSP e da Autoridade Tributária encontraram no gabinete de Vítor Escária 75.800 euros em numerário, que estariam em envelopes dentro de livros e numa caixa de vinho.
O advogado do chefe de gabinete do primeiro-ministro garantiu hoje que o dinheiro apreendido nas buscas relacionadas com o caso do lítio e hidrogénio “não tem nada que ver” com este processo.
Em declarações aos jornalistas hoje, à entrada do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, Tiago Rodrigues Bastos considerou que a apreensão de 75.800 euros no gabinete de Vítor Escária em São Bento é “um facto lateral” e “absolutamente irrelevante” para o que está em causa neste caso e que o dinheiro se deve a uma atividade anterior.
Hoje de manhã, o primeiro-ministro exonerou Vítor Escária das funções de seu chefe de gabinete e nomeou para este lugar o major general Tiago Vasconcelos, até agora assessor militar de António Costa.
Vítor Escária foi detido para interrogatório na terça-feira de manhã, na sequência das buscas judiciais ao seu gabinete e à sua casa por suspeitas relacionadas com negócios com lítio e hidrogénio.
Esta investigação judicial levou, nesse mesmo dia, António Costa a pedir ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a sua demissão de primeiro-ministro.
O economista Vítor Escária foi nomeado em agosto de 2020 chefe de gabinete do primeiro-ministro, substituindo no cargo Francisco André, que assumiu funções na representação permanente de Portugal junto da OCDE e que atualmente é secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação.
Vitor Escária, de 48 anos, economista e professor do Departamento de Economia do ISEG, tinha sido antes assessor económico do antigo primeiro-ministro José Sócrates.
Em 2019, já numa altura em que era assessor económico de António Costa, esteve envolvido no processo de recebimento indevido de vantagem no caso das viagens pagas pela Galp no Euro2016 de futebol.
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