“Quando o primeiro-ministro fala, já aprendi, é a minha leitura, não dá ponto sem nó e, portanto, ele está a dar um sinal muito claro ao país de que nós precisamos de ter salários competitivos”, afirmou Costa Silva.

O ministro da Economia e do Mar falava, em Sines, no distrito de Setúbal, durante a conferência “Fora da Caixa”, iniciativa organizada pela Caixa Geral de Depósitos com o objetivo de debater as oportunidades oferecidas pela economia portuguesa, com o foco no setor energético e na localização estratégica de Sines.

“Do ponto de vista do ministério da Economia para termos salários cada vez mais competitivos, temos de criar riqueza. Não podemos exigir às empresas aquilo que elas não podem dar, em espaço de tempo muito curtos”, referiu o governante, quando questionado sobre esta matéria.

O primeiro-ministro apelou no sábado às empresas para que contribuam para um esforço coletivo de aumento dos salários dos portugueses, para que haja “maior justiça” e os salários médios em Portugal possam aumentar 20%.

Segundo António Costa, que falava perante uma plateia de jovens, no Algarve, as empresas têm de ter consciência que deve haver “maior justiça nas políticas remuneratórias que praticam”, sublinhando que, na União Europeia, o peso dos salários no conjunto da riqueza nacional é de 48% e em Portugal é de 45%.

Durante o encontro, que está a decorrer hoje no Centro de Artes de Sines, Costa Silva, defendeu que, se forem criadas “as políticas públicas certas”, existirão “condições para a riqueza do país dar um salto significativo”.

“E se isso acontecer, resolvemos todos uma série de problemas. Desde logo, o problema dos salários, mas também este problema de deixarmos de ser um país subsidiodependente. Isto é, não podemos viver eternamente à espera dos subsídios europeus e dos programas europeus. Temos de construir um país próspero, coeso, que seja ele próprio capaz de contribuir para os outros”, acrescentou.

Para tal, indicou, “é preciso uma rutura” e, no que respeita “as políticas públicas e as empresas", é necessário "trabalhar nessa direção”.

“Aparentemente nesta nova era geopolítica, com a centralidade geográfica de Portugal, Sines é um exemplo, mas haverá outros, com a capacidade que temos em múltiplos setores da economia, não só no turismo, nas indústrias metalomecânicas, no software e no tratamento de dados, na eletrónica, nas biotecnologias (…) podemos transformar a economia portuguesa”, concluiu.