“Nós não temos medo da comparação e em todos os pontos de comparação, nós ganhamos. Nós gerimos melhor as finanças públicas e tivemos melhores resultados orçamentais, nós gerimos melhor a economia e a economia cresceu sete vezes mais do que tinha crescido nos 15 anos anteriores, nós gerimos bem a economia para as pessoas e com as pessoas e, por isso, a taxa de desemprego é metade daquela que era”, frisou António Costa.
O também primeiro-ministro falava num comício no Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo, no domingo à noite, que contou também com as intervenções do cabeça de lista do PS pelo círculo eleitoral local e ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do presidente da federação socialista do distrito, Miguel Alves.
Numa sala cheia, que, no início do discurso cantou “Costa, amigo, Viana está contigo”, o líder do PS, à semelhança do que tem feito durante a campanha, comparou a taxa de desemprego, o valor do salário mínimo ou a taxa de abandono escolar entre 2015, quando substituiu Pedro Passos Coelho na liderança do Governo, com a atual.
António Costa afirmou ainda que, em 2015, “a taxa de juro que o país pagava pela sua dívida era superior aos 4%”, sublinhando que as políticas que o seu executivo introduziu fizeram com que os juros fossem “baixando, baixando, baixando”.
Contrariando assim o que disse ser a retórica da direita quando tomou posse – que anunciou que “o diabo” viria e que o seu Governo ia “pôr em causa a credibilidade internacional do país” –, António Costa frisou que o seu Governo poupou “só ao Estado três mil milhões de euros por ano” a menos devido à dívida.
“Mas se somarmos àquilo que o Estado poupa, o que as famílias poupam com a redução da taxa de juro, o que as empresas pousam com a redução da taxa de juro, é simples, são sete mil milhões de euros por ano, quase metade da ‘bazuca’, que hoje se poupa graças à credibilidade internacional que o país reconquistou”, disse.
Fazendo a ponte com a atual liderança do PSD, António Costa alegou que, quando Rui Rio “foi perguntado sobre o que pensava da governação da austeridade, o que ele disse é que teria feito igual ao pior”.
Louvando-lhe a “coerência”, António Costa apontou que, ainda hoje em dia, o presidente social-democrata é contra a subida do salário mínimo nacional ou contra o aumento extraordinário das pensões.
“Esta é a coerência do dr. Rui Rio e, portanto, ninguém se queixe que vai ao engano, porque ele sempre disse aquilo que pensa sobre esta matéria: ele não acredita que a economia cresça com mais salários, ele não acredita que a economia cresça com maior rendimento para as famílias. Ele acha que, simplesmente baixando os impostos para todas as empresas, a economia por milagre vai crescer, como se a economia não dependesse de cada uma e de cada um daqueles que consome, que trabalha e que cria riqueza”, frisou.
À semelhança do que já tinha feito noutro comício, o líder socialista apelou ainda a que se leia “no programa do PSD aquelas letras pequeninas que aparecem naqueles contratos de seguro”, acusando Rui Rio de dizer que quer “baixar o IVA da restauração”, apesar de ter sido contra a redução do imposto quando o Governo a implementou e de, há dois anos, ter defendido que era preciso aumentá-lo.
“O dr. Rui Rio vem dizer que quer baixar o IVA da restauração, mas, depois, o que é que ele diz na letra pequenina? É que é só para o próximo ano e meio. E depois o que ele diz nem sequer em letra pequenina: é o que é que ele faz a seguir ao passar do ano e meio? E o que é que ele vai fazer? Voltamos ao IVA que temos hoje, ou vamos aumentar o IVA como ele defendia há dois anos para ganhar a tal folga que pague a baixa que ele fará agora só por ano e meio?”, inquiriu.
“É preciso ter muito cuidado, porque aquele programa está cheio de maroscas”, acrescentou.
Costa diz que “está por inventar” problema sem solução para o PS
O líder socialista afirmou que “ainda está para ser inventado o problema” que os socialistas não serão capazes de resolver, frisando que a sua força partidária irá “virar a página desta crise política”.
“Nós não somos gente de desistir nem de virar a cara à luta, se há luta, vamos a ela. Se há um problema para resolver, vamos à procura da solução. Às vezes a solução não está ali à mão, mas só não alcança a solução quem não insiste em encontrar solução e, até hoje, ainda está por ser inventado o problema que nós não seremos capazes de resolver. Ainda não os resolvemos todos, mas vamos resolvê-los um a um”, frisou António Costa.
Retomando a narrativa que tem adotado durante a campanha, Costa frisou que, quando o seu Governo estava a “meio do caminho” e apesar de o país continuar em “pandemia”, “acharam que era altura de criar uma crise política”.
“Pois bem, nós já enfrentámos a austeridade, nós já enfrentámos a estagnação, nós temos vindo a enfrentar a pandemia. Pois nós também vamos enfrentar esta crise política e também vamos virar a página desta crise política”, disse.
Fechando um dia intenso de campanha, onde votou antecipadamente, assegurou três arruadas, e discursou em dois comícios, António Costa sublinhou que, durante todas as ações de campanha do dia, viu “o PS, os portugueses a levantarem-se e a dizerem que é tempo de continuar, é tempo de avançar”.
“E, antes que me perguntem se, ao fim desta longa jornada, estou cansado, digo já que não: estou pronto para outra”, afirmou.
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