Escreve o Diário de Notícias esta segunda-feira que um dos iraquianos indiciados por crimes de terrorismo era um dos empregados do restaurante Mezze, em Lisboa, e que estava presente numa visita de António Costa e Jorge Sampaio ao local. Nessa altura, em janeiro de 2018, o homem já estava a ser investigado pela PJ, o que levanta questões de segurança interna.
O restaurante em questão é conhecido por ajudar na integração de refugiados no país. Aquando a visita, o primeiro-ministro escreveu no Twitter: "Portugal tem sido exemplar no acolhimento a refugiados. O restaurante Mezze, em Lisboa, da associação Pão a Pão, com a sua equipa do Médio Oriente, é prova da integração bem-sucedida, fruto do empreendedorismo e do apoio da sociedade civil e de instituições públicas e privadas".
Jorge Sampaio esteve presente nesta visita devido ao projeto "Plataforma Global de Apoio a Estudantes Sírios" pelo qual estava responsável e que visa integrar jovens que chegam a Portugal fugidos da guerra. Segundo publicação do restaurante no Facebook, estiveram também no espaço a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e Pedro Calado, Alto Comissário para as Migrações.
Os dois iraquianos suspeitos de terem integrado as milícias do estado islâmico em Mossul, antiga capital do Estado Islâmico (EI) no Iraque, foram detidos a semana passada na Grande Lisboa e estavam a ser monitorizados e vigiados pela PJ desde 2017.
Segundo fonte ligada à investigação, no âmbito da cooperação judiciária internacional, estes dois suspeitos terão estado em Mossul em 2016 e os elementos recolhidos indicam que pertenciam às fileiras das milícias do Daesh.
Em comunicado, a PJ informou que em causa estão indícios da prática dos crimes de adesão e apoio a organização terrorista internacional, terrorismo internacional, e crimes contra a humanidade.
“As provas recolhidas indiciam que estes dois indivíduos assumiram distintas posições na estrutura do ISIS / Daesh, sendo os mesmos igualmente objeto de investigação por parte das competentes autoridades judiciárias iraquianas”, refere a nota da Polícia Judiciária, sublinhando não existirem por agora indícios de que os crimes que são imputados aos dois indivíduos tivessem sido cometidos em Portugal.
A operação foi conduzida pela Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT) da PJ, chefiada por Manuela Santos, e contou também com a colaboração do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e, a nível internacional, com o apoio de autoridades judiciárias iraquianas, através da UNITAD-ONU.
Nas detenções e buscas estiveram ainda a magistrada do Ministério Público titular do inquérito e elementos da investigação criminal e peritos da Unidade de Perícia Tecnológica Informática (UPTI) da PJ.
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