António Costa falava aos jornalistas em Nova Iorque, tendo ao seu lado o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, depois de interrogado sobre o teor do discurso feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na abertura da 72.ª sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas.
"Acho que as posições mais importantes assumidas pelo Presidente Trump, quer na segunda-feira, quer hoje, foram sobre a reforma das Nações Unidas e sobre a reafirmação do compromisso dos Estados Unidos em relação ao financiamento da ONU, reconhecendo a sua importância. Das duas intervenções que teve [Donald Trump], considero que foram esses os pontos mais significativos e promissores em relação ao futuro", sustentou.
Já sobre as ameaças deixadas por Donald Trump aos regimes da Venezuela e da Coreia do Norte, o primeiro-ministro contrapôs que, no caso particular do Governo de Caracas, "as posições da União Europeia têm sido muito claras".
Depois, referiu-se em concreto à posição do Governo português sobre a situação conturbada que se vive na Venezuela.
"Portugal tem sempre uma posição construtiva relativamente ao objetivo de encontrar soluções que consolidem a democracia, devolvam tranquilidade e, sobretudo, forneçam perspetivas para a nossa comunidade em termos de futuro. A Venezuela é um país amigo, para quem desejamos o melhor e com quem estamos disponíveis para trabalhar para o melhor", acentuou.
Neste contexto, embora sempre sem referir diretamente ao Presidente dos Estados Unidos, António Costa sustentou a necessidade de diálogo político e diplomático em relação a uma solução de futuro para a Venezuela.
"Mais do que radicalizar posições e adotar estilos confrontacionais, penso que devemos ter uma postura construtiva, sendo obviamente intransigentes naquilo que é fundamental: O respeito pelos Direitos Humanos e o primado das regras democráticas", advogou o primeiro-ministro.
Já sobre a reunião que António Costa terá esta tarde, em Nova Iorque, na missão do Brasil nas Nações Unidas, com chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, o primeiro-ministro referiu que se destina a fazer o "ponto da situação" sobre as medidas adotadas na última cimeira da organização, em Brasília, no ano passado.
"Temos como objetivo principal o reforço do pilar da cidadania, porque do ponto de vista das relações económicas a situação não poderia ser melhor. Penso que temos muito ainda a fazer ao nível de domínios como o da cidadania, liberdade de residência, reconhecimento de habilitações académicas ou portabilidade de direitos sociais", especificou.
Para António Costa, a CPLP "deve ser cada vez mais um espaço de liberdade de circulação entre todos os países".
"Esta comunidade tem de ser cada vez mais uma comunidade de povos e não só de países", acrescentou.
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