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Portugal contabiliza hoje mais sete mortos relacionados com a covid-19 e 2.072 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia. Ponto por ponto, o essencial da conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira sobre a situação epidemiológica no país.
A conferência começou com a habitual leitura dos números do último boletim epidemiológico por parte da Ministra da Saúde, Marta Temido, tendo estado igualmente presente a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.
- Portugal está a a enfrentar uma situação crescente de casos que se "tenderá a agravar nos próximos dias", segundo a governante. A ministra adiantou igualmente que o Ministério da Saúde está a trabalhar na "manutenção da preparação do SNS" e no alívio da pressão quer das unidades hospitalares quer dos profissionais de saúde.
- Linha SNS24 volta a poder prescrever testes. "Relativamente à área dos cuidados de saúde primários vai haver nos próximos dias, no início da próxima semana, um regresso àquilo que conhecemos no passado que foi a possibilidade de prescrição de testes pela Linha SNS24", afirmou Marta Temido. Este é um dos dois eixos de ação "muito concretos" em que o Governo está a trabalhar, estando o outro relacionado com a manutenção e preparação da resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, sobretudo, do alívio da pressão crescente nas organizações de saúde e nos profissionais da área, frisou.
- Quanto a este aspeto, Marta Temido sublinhou que, ainda hoje, será publicada a nova estratégia de testes com inclusão dos "designados testes de antigénio [testes rápidos]". Por outro lado, acrescentou, a atividade de rastreamento de contactos intensificar-se-á nos próximos dias por profissionais recrutados especificamente para o efeito, nomeadamente em regiões onde ainda está mais incipiente.
- Marta Temido assinalou ainda que a doença está a atingir sobretudo as faixas etárias entre os 20 e os 49 anos. "Todos aqueles que têm a aspiração de fazer as suas vidas, regressarem à normalidade, é importante terem presente que a doença não desapareceu e que só juntos poderemos enfrentar esta nova fase de crescimento e dar resposta a esta prova muito dura. Depende de todos estarmos à altura", observou.
- De acordo com cálculos do Instituto Ricardo Jorge, é possível que nos próximos dias o número de casos positivos chegue aos 3.000, "se não forem cumpridas as medidas de prevenção", enfatizou Marta Temido. "O Instituto Ricardo Jorge baseiam-se em modelos matemáticos e não têm a capacidade de prever alterações que decorrem das medidas que estamos a adotar neste momento — sejam elas de serviço de saúde, sejam de medidas de política globais como aquelas que foram hoje aprovadas em Conselho de Ministros —, mas apontam para um crescimento que pode situar-se nos 3.000 casos dentro de alguns dias se não tivermos a cautela necessária, o cuidado necessário", afirmou.
- Existem atualmente 396 surtos ativos no país: 136 são na região Norte, 178 em Lisboa e Vale do Tejo, 50 na região Centro, 14 no Alentejo e 18 no Algarve.
- Questionada sobre as notícias que dão conta de congestionamentos nos transportes públicos num momento que a situação se vai agravando no país, Marta Temido dá conta que o Conselho de Ministros decidiu na reunião de hoje reforçar a "fiscalização do cumprimento de regras já definidas, designadamente nos transportes". Isto porque não basta "ter boas regras, é preciso que elas sejam cumpridas e isso também depende da ação das forças de segurança", salientou a governante.
- A DGS reduziu hoje o período de isolamento de 14 para dez dias em casos ligeiros ou assintomáticos. A ministra da Saúde realçou que alta clínica não é a mesma coisa que quarentena, ou isolamento profilático, tendo existido alguma confusão sobre estes aspetos. Marta Temido recordou que quarentena é o período de isolamento profilático em que são colocadas as pessoas que não têm doença ou que têm suspeitas e estão a aguardar se têm ou não covid-19. Por seu lado, a alta clínica é o fim das medidas de isolamento para doentes com covid-19, observou.
- "A quarentena não foi alterada em termos de período de tempo, há outros países que, de facto, estão a praticar outros períodos de quarentena mais reduzidos, mas nós temos vindo a ser cautelosos neste aspeto. Nos casos em que há doença ligeira ou moderada confirmada por testes essa alta clínica passa a poder acontecer aos dez dias desde que se verifiquem duas condições, nomeadamente a ausência de febre e a melhoria dos eventuais sintomas durante três dias consecutivos", disse Marta Temido.
- Uma das questões colocadas pelos jornalistas teve que ver com a carta aberta publicada hoje no jornal Público pelo atual e cinco ex-bastornários da Ordem dos Médicos — em que se pode ler que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) como está não vai conseguir chegar a todos os doentes —, a ministra frisou que "este é o momento do SNS mostrar aos portugueses que valeu a pena terem investido as suas escolhas, os seus impostos, o seu afecto naquele que é um serviço publico". Para concluir, Temido enfatizou que as medidas do plano outono-inverno, serão tornadas públicas "no decurso da próxima semana".
- Inquérito epidemiológico dos jogadores da seleção ainda não terminou. "As regras da UEFA são claras, se antes do jogo todos estiverem assintomáticos e testarem negativo a probabilidade de transmissão é infinitamente pequena, portanto o jogo é permitido", disse Graça Freitas, que garantiu que os futebolistas da seleção portuguesa, que estão concentrados na Cidade do Futebol, e entre os quais já foram detetados três casos positivos para a covid-19, vão ser sujeitos às medidas aplicadas a qualquer cidadão. "O inquérito epidemiológico dos jogadores da seleção ainda não terminou", disse, acrescentando: "O grupo já está isolado ‘per si’ na Cidade do Futebol. Os jogadores estão numa espécie de isolamento, têm as suas bolhas, não estão na comunidade".
- Relativamente ao facto de Cristiano Ronaldo ter deixado Portugal num avião-ambulância privado, a diretora-Geral da Saúde explicou que neste tipo de casos se aplicaram as medidas "que se aplicam a qualquer cidadão" que esteja em Portugal. No entanto, neste caso particular, como aconteceu com um jogador que habita no estrangeiro, o transporte "fica inteiramente a cargo da pessoa porque ela tem de providenciar o seu transporte", disse Graça Freitas.
- "De resto, é tratado exatamente da mesma maneira como qualquer coisa pessoa. Uma vez encontrado o transporte tem de que ser submetido a uma avaliação pela autoridade da saúde e tem que seguir determinados trâmites. Uma das coisas que estas pessoas [tem de fazer] é assinar uma declaração em como têm o compromisso em como vão cumprir o seu período de isolamento profilático. Enquanto o próprio não assume esse termo de responsabilidade, nada progride. A Direção-Geral da Saúde, como todos os países da União Europeia, está obrigada, seja quem for o cidadão, a comunicar ao país de destino que esse cidadão iniciou um período de isolamento profilático em Portugal", completou. A Juventus, clube de Ronaldo, confirmou que o jogador já está em Turim e que vai cumprir o isolamento na sua residência.
- As regras e orientações sobre a forma como lidar com a pandemia de covid-19 nas escolas estão a ser revistas e "afinadas", anunciou hoje a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas. "Estamos na altura de afinar e clarificar os instrumentos que temos. Está neste momento a decorrer uma reunião entre a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGES) e outros parceiros para analisar a situação", revelou.
- Nos últimos dias, várias notícias têm dado conta de casos de escolas que tomam medidas criticadas pelas famílias, tais como o caso de um aluno de uma escola de Sintra que foi suspenso por ter partilhado o lanche ou de um aluno de Lisboa que não conseguia regressar à escola apenas com o resultado do teste que provava estar curado. Graça Freitas sublinhou o esforço que as escolas têm feito para “minimizar o absentismo” e o impacto "na vida das crianças".
- A diretora-geral lembrou ainda que são aplicadas medidas diferentes consoante as escolas, porque estas têm formas de organização diferenciadas: "A forma com a escola se organiza determina as medidas da saúde", sublinhou. Durante a conferência, fez ainda um apelo aos "10 milhões" de portugueses, para que cumpram as regras para minimizar o risco de contágio, tais como manter o distanciamento físico ou o uso de máscara: "Está nas nossas mãos", sublinhou.
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