• Jamila Madeira, secretária de Estado Adjunta e da Saúde, explicou em conferência de imprensa que os dados por concelho de casos confirmados passam a ser atualizados apenas ao início da semana, à segunda-feira.
  • Foi reconhecida a "relativa estabilização dos números diários, resultado do trabalho resiliente que está a ser realizado no terreno pelas equipas de saúde pública e pelas autoridades locais", mas também devido às medidas aplicadas e "sentido cívico de todos os cidadãos".
  • Jamila Madeira referiu que os portugueses podem continuar a contar com o SNS, também nos "serviços de telessaúde". Neste sentido, desde o início do ano, foram realizadas mais de 8 milhões de consultas não presenciais, um aumento de 65% em relação ao ano passado.
  • Sobre a recuperação da assistência médica presencial, a secretária de Estado referiu que esta passa "por programas  de incentivo aos profissionais de saúde", pelo que foi hoje publicada uma portaria que aprova "o regime excecional de incentivos à recuperação da atividade presencial não realizada por causa da pandemia".
  • Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, referiu que o novo ano letivo está a ser preparado para acontecer "dentro do possível com normalidade e segurança". Por isso, estão previstas múltiplas medidas para os estabelecimentos de ensino, entre elas:
    • Utilização de máscaras por toda a comunidade educativa;
    • Reorganização das salas e espaços das escolas;
    • Circuitos diferentes nas escolas;
    • Higienização dos espaços;
    • Distanciamento físico de pelo menos 1 metro, sem comprometer o normal funcionamento das atividades letivas.
  • Quanto às possíveis sequelas da covid-19, Graça Freitas referiu que já existem estudos que indicam alguns fatores. "Alguns estudos indicam que mesmo situações mais benignas podem deixar algumas sequelas", mas por vezes estes são feitos com pequenas amostras. A Diretora-geral da Saúde alertou ainda que passou pouco tempo para se saber "se essas sequelas são ou não permanentes".
  • Sobre uma segunda vaga da doença, foi referido que "o hemisfério Norte observa muito as doenças sazonais" e que o ponto de referência no hemisfério Sul  — "o nosso grande observatório" — é a Austrália, pelo que é para lá que se olha para perceber a tendência do novo coronavírus, bem como da gripe e de outros vírus respiratórios. "Eles conseguiram baixar bastante os números [da covid-19] e, neste momento, [o país] está de facto a apresentar uma segunda onda que parece ser simétrica à primeira".

  • A empresa no Carregado, no concelho de Alenquer, com um surto em curso regista de momento 54 casos positivos. Já foram testadas 170 pessoas. Graça Freitas referiu que muitas das pessoas não residem na área, pelo que é possível que originem outros casos, sobretudo nos seus agregados familiares e na comunidade de residência. Estas situações estão a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde.
  • Jamila Madeira referiu que a aplicação informática Stay Away, utilizada para rastrear casos, está a sofrer um "trabalho de pormenor" para "regulamentar o procedimento" de acordo com as normas da Comissão de Proteção de Dados e das autoridades de Saúde.
  • Sobre casos de reinfeção, Graça Freitas frisou que "temos ainda de ter a humildade de pensar que não sabemos muitas coisas sobre esta doença", referindo que ainda não existe "uma prova inequívoca" em nenhum país de que exista essa fenómeno. Contudo, sabe-se que algumas pessoas que tiveram a doença e, depois, dois testes negativos (o critério de cura para quem esteve internado), mais tarde voltaram a ter um teste positivo, o que não significa que foram reinfetadas. "Pode significar apenas que existam partículas do vírus" nas vias respiratórias, sem garantia de ser possível contaminar outras pessoas.
  • Quanto aos anticorpos, a Diretora-Geral da Saúde afirmou que ainda não se sabe a duração destes nem se "têm capacidade protetora". Sobre a imunidade, foi ainda referido que o inquérito serológico está em curso, pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. A nível mundial, pensa-se que a imunidade individual, o "passaporte de imunidade", tem pouco valor, segundo estudos realizados.
  • Sobre declaração de António Costa sobre o confinamento — "a sociedade, as famílias, as pessoas, não suportarão passar de novo pelo mesmo" —, Graça Freitas referiu apenas que se pode "passar de medidas de confinamento genérico para medidas de confinamento muito cirúrgico", de caráter mais local.
  • A Diretora-Geral da Saúde referiu que o concelho da Amadora é o que tem uma maior taxa de incidência, embora esteja "a descer bastante". Lisboa é o segundo concelho mais afetado.
  • Jamila Madeira explicou que a DGS está a preparar um plano detalhado para o próximo inverno, que será conhecido em breve. "O Governo desenhou um reforço dos recursos humanos, no sentido de suprir um conjunto de necessidades identificadas", frisou, bem como ao nível das unidades de medicina intensiva e da capacidade laboratorial. Também está a ser acautelada a reserva de medicamentos e de equipamentos de proteção individual.
  • Graça Freitas avançou que se vai deslocar a Reguengos de Monsaraz com o Secretário de Estado da Saúde, para se inteirar da situação do surto no lar, que regista já 17 vítimas mortais. Contudo, refere que a situação está a ser bem acompanhada e que se mantém "estabilizada".

O boletim

Portugal regista hoje mais oito mortes e 375 novos casos de infeção por covid-19 em relação a terça-feira, 288 dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o boletim, desde o início da pandemia até hoje registam-se 47.426 casos de infeção confirmados e 1.676 mortes.

Em termos percentuais, nas últimas 24 horas o aumento de óbitos foi de 0,5% (passou de 1.668 para 1.676) e o de casos confirmados 0,8% (de 47.051 para 47.426).

Lisboa e Vale do Tejo é a região onde o aumento dos casos continua a ser mais significativo, contabilizando 77% dos novos casos, com 288 dos 375, e três das oito mortes registadas. As restantes foram três na região Norte (três), uma no Centro e outra no Alentejo.

Em número de casos, Lisboa e Vale do Tejo lidera com 23.296, seguida pela região Norte (18.215, com 31 casos novos), a região Centro (4.319, 22 casos novos), o Algarve (750, 25 casos novos) e o Alentejo (596, 10 casos novos).

Nos Açores, as autoridades contabilizam menos um caso (151) e o mesmo número de mortes (15) e a Madeira mantém o mesmo numero de casos (99) e continua a não registar qualquer óbito.