Usar ou não máscaras? O 'Diário de Notícias' avança esta quarta-feira que a Direção-Geral da Saúde (DGS) está a estudar o alargamento das recomendações de uso de máscaras. Questionada pelos jornalistas, na habitual conferência de imprensa onde é feito um ponto da situação da covid-19 em Portugal, Graça Freitas recordou que a primeira medida a ter em conta é o distanciamento social.

A diretora-geral da saúde admite que há grupos que têm de estar protegidos — como os profissionais de saúde —, mas sublinha que a máscara não pode resultar numa falsa sensação de segurança.

“Os cidadãos adaptam-se às novas rotinas em suas casas, os profissionais de saúde adaptam-te à prática clínica e o Governo adapta-se sistematicamente” às mudanças que todos os dias vão surgindo e que “nem sempre são previsíveis”, sublinhou.

António Lacerda Sales referiu que ninguém estava programado para a covid-19, que já matou 187 pessoas em Portugal, mas considerou que “tem sido extraordinária” a capacidade de resposta do Governo e dos serviços de saúde.

Assumindo o seu “orgulho no Serviço Nacional de Saúde”, o secretário de estado destacou “uma das ferramentas do SNS que mais se transformou”: a “Linha SNS 24, que “atende mais de 18 mil chamadas por dia”.

Quando surgiram os primeiros casos de infeção em Portugal, no início do mês passado, a Linha SNS24 teve dificuldades em dar resposta às chamadas, tendo havido um reforço de profissionais, apontou.

O secretário de estado sublinhou também a “gestão criteriosa dos serviços de saúde”, afirmando que atualmente são realizadas muito mais amostras de análise ao novo coronavírus: na semana passada, por exemplo, foram processadas 40 mil amostras, “mais do que o dobro dos realizados na semana anterior”.

António Lacerda Sales apelou ainda aos portugueses para que se mantenham em casa durante as celebrações da Páscoa, reconhecendo que este é “um tempo de convívio por excelência”, mas que “continua a ser crucial que as pessoas não adoeçam todas ao mesmo tempo”.

A mobilização da sociedade civil, que nas últimas semanas se uniu em torno da causa, também foi aplaudida pelo executivo, que referiu a oferta de material, como ventiladores e monitores, e todo o trabalho voluntário: “Estamos a todos eles muito agradecidos. Estamos agradecidos por esta onda solidária e coletiva”, afirmou o secretário de Estado.

Uma das organizações que tem dado apoio é a Associação Protetora dos Diabéticos Portugueses (APDP), que hoje esteve representada na conferência com o presidente José Manuel Boavida.

O secretário de Estado lembrou que a diabetes afeta mais de dois milhões de portugueses que neste momento “estão mais vulneráveis”.

O presidente da APDP sublinhou ainda que, entre doentes e familiares, esta é uma doença que atinge “mais de um terço da população portuguesa”.

Apesar de serem um grupo de risco, José Manuel Boavida sublinhou que “não há qualquer evidência que as pessoas com a diabetes sejam mais atreitas a ser infetadas”.

Além disso, se a doença estiver “bem compensada, o risco é igual à restante população”, sublinhou o presidente da APDP.

Por isso, José Manuel Boavida deixou algumas recomendações, tais como controlar a diabetes e manter o distanciamento social.

"Não podemos esperar testar toda a gente, com critério clínico, no mesmo dia, ao mesmo tempo", afirmou o secretário de Estado.

Graça Freitas diz que está a ser feito um esforço para aumentar a capacidade de camas ventiladas. Questionada sobre o aumento do número de internados em Unidades de Cuidados Intensivos, a diretora-geral da Saúde diz que a DGS está atenta, mas tem de aprofundar a análise.

Lacerda Sales lembra que "temos mesmo de continuar a ser responsáveis", apelando a uma Páscoa diferente do habitual.

Portugal regista hoje 187 mortes associadas à covid-19, mais 27 do que na terça-feira, e 8.251 infetados (mais 808), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados atualizados até às 24:00 de terça-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (95), seguida da região Centro (52), da região de Lisboa e Vale do Tejo (38) e do Algarve, que hoje regista dois mortos.

Relativamente a terça-feira, em que se registavam 160 mortes, hoje observou-se um aumento de 16,8% (mais 27). Apesar  de nos últimos dias se registar um abrandamento, "ainda é cedo para retirar conclusões" sobre a eficácia das medidas do governo para conter a pandemia.

"Estas medidas foram tomadas em bom tempo. Mas ainda é cedo para retirar conclusões", disse Lacerda Sales.

Mais de 43 mil pessoas morreram em todo o mundo

A pandemia de covid-19 matou mais de 43.082 pessoas no mundo inteiro desde que a doença surgiu em dezembro na China, segundo um balanço da AFP às 11:00, a partir de dados oficiais.

De acordo com a agência de notícias francesa, já foram diagnosticados mais de 865.970 casos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, e a pandemia espalhou-se por 186 países ou territórios. Foram consideradas curadas pelo menos 172.500.

Itália, que registou a primeira morte ligada ao coronavírus no final de fevereiro, é o país mais afetado em número de mortes, com 12.428 mortes em 105.792 casos, e 15.729 pessoas foram consideradas curadas pelas autoridades italianas.

Depois de Itália, os países mais afetados são Espanha com 9.053 mortes em 102.136 casos, os Estados Unidos com 4.081 mortes (189.633 casos), França com 3.523 mortes (52.128 casos) e a China continental com 3.312 mortes (81.554 casos).

A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou no final de dezembro, contabilizou um total de 81.554 casos (36 novos entre terça e hoje), incluindo 3.312 mortes (sete novas) e 76.238 curados.

Também os Estados Unidos estão a ser bastante afetados pela pandemia tendo sido registadas oficialmente 189.633 infeções, 4.081 mortes e 7.138 curados.

Desde as 19:00 de terça-feira, a Eslováquia, o Botsuana, o Congo e El Salvador anunciaram as primeiras mortes ligadas ao vírus.

A Europa totalizou até às 11:00 de hoje 31.083 mortes para 468.792 casos, Estados Unidos e Canadá 4.179 mortes (198.119 casos), Ásia 3.938 mortes (110.069 casos), Médio Oriente 3.147 mortes (58.831 casos), América Latina e Caraíbas 513 mortes (19.160 casos), África 200 mortes (5.778 casos) e Oceânia 22 mortes (5.224 casos).

A AFP alerta que o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do número real de infeções, já que um grande número de países está agora a testar apenas os casos que requerem atendimento hospitalar.