Num parecer publicado este mês, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano considera que "com base nos estudos e dados epidemiológicos disponíveis, a transmissão através de superfícies não é a via principal de disseminação do SARS-CoV-2 e que o risco é considerado baixo".

Os estudos efetuados até agora sugerem que o risco de contágio devido ao contacto com uma superfícies infetada é geralmente "menos de 1 em 10 mil".

Apesar de reconhecer que "as pessoas podem ser infetadas com SARS- CoV-2 através do contacto com superfícies contaminadas", na "maior parte das situações, limpar as superfícies com sabão ou detergente, e não desinfetante, é suficiente para reduzir o risco".

A desinfeção é assim recomendada "para locais fechados onde foi detetado um caso suspeito ou confirmado de covid-19 nas últimas 24 horas".

Uma vez que "a principal via de contágio com SARS- CoV-2 é através da exposição a gotículas respiratórias que têm o vírus", o risco de transmissão "pode ser reduzido através do uso consistente e correto de máscara, da higiene das mãos, limpeza e outras medidas para manter os locais saudáveis".

Quanto tempo sobrevive o vírus nas superfícies?

Segundo o CDC, nas superfícies porosas, o SARS- CoV-2 pode deixar de ser viável em "entre minutos e horas". Nas superfícies não porosas, o vírus pode manter-se viável "por dias ou semanas". A inativação mais rápida do vírus em superfícies porosas pode ser atribuída "à ação capilar dos poros e a uma evaporação mais rápida da gota do aerossol".

Estudos sobre a sobrevivência do vírus em superfícies indicam que uma "redução 99% na capacidade de infeção do SARS- CoV-2 em locais fechados é expectável em 3 dias (72 horas) em superfícies não porosas, como aço inoxidável, plástico e vidro".

No entanto, as condições experimentais "não refletem necessariamente as condições do mundo real, como por exemplo a quantidade inicial de vírus e fatores que possam remover ou degradar o vírus, como ventilação ou alterações ambientais. Também não estão consideradas ineficiências na transmissão entre as superfícies e as mãos, e entre as mãos e a boca, nariz ou olhos".

"Quando se considera a sobrevivência em superfícies e fatores de transmissão do mundo real, o risco de transmissão por fómite [objeto ou material que pode alojar um agente infeccioso e permitir a sua transmissão] depois de uma pessoa com covid-19 estar num espaço fechado é menor depois de três dias (72 horas), independentemente de o espaço ter sido limpo".

E no que diz respeito à limpeza, tanto "limpar (com sabão ou detergente) como desinfetar (utilizando um produto desenhado para inativar o SARS- CoV-2) pode reduzir o risco de transmissão por fómite".

Se é verdade que não há estudos sobre a eficácia dos detergentes sem desinfetante em superfícies não porosas no caso específico do SARS- CoV-2, a ciência mostra que este tipo de produtos tem uma eficácia de 90-99,9% na redução de outros micróbios — dependendo do produto utilizado e do método de limpeza. Além disso, "é expectável que ao limpar uma superfície se degrade o vírus".

Assim, "limpar pelo menos uma vez por dia, corretamente, com sabão ou detergente, pode reduzir substancialmente os níveis do vírus em superfícies. Quando nos focamos em superfícies de grande contacto [como maçanetas], limpar com sabão ou detergente deve ser suficiente para reduzir o risco de infeção por fómite em situações em que não há casos suspeitos ou confirmados de covid-19 em ambientes fechados. Em situações em que há casos suspeitos ou confirmados em ambientes fechados nas últimas 24 horas, a probabilidade de presença do vírus é maior e, logo, as superfícies de alto contacto devem ser desinfetadas".