Num dia em que Portugal contabilizou 219 mortes relacionadas com a covid-19 e 14.647 casos de infeção com o novo coronavírus, novo máximo nacional desde o início da pandemia, António Costa, que se deslocou a Bruxelas para apresentar no Parlamento Europeu as prioridades da presidência portuguesa da UE, reconheceu que “os números de hoje, como é sabido, são particularmente dramáticos e demonstrativos da gravidade da situação que existe no país”.
Sublinhando que, “obviamente, é cedo para tirar conclusões finais sobre as medidas” tomadas pelo Governo na semana passada, “porque é sabido que entre o momento em que se toma as medidas e elas produzem efeito há pelo menos duas semanas de demora”, António Costa reiterou que, mesmo no atual contexto, tudo será feito para evitar o encerramento das escolas, apesar de se multiplicarem as vozes a defender esse cenário.
“Nós não podemos tomar decisões conforme as pressões. Ainda há poucas semanas a pressão era para abrir os restaurantes mais tempo, agora a pressão é para fechar mais. Nós temos de ir tomando as decisões em função daquilo que são as realidades efetivas e qual é a dinâmica efetiva”, declarou.
Costa referiu que "há nesta circunstância concreta (...) um elemento muito importante”, que se prende com “as análises que estão a ser realizadas neste momento no Instituto Ricardo Jorge com base nas amostras recolhidas nos últimos dias”, que considerou “decisivas” para se ter a perceção do grau de prevalência da nova estirpe, que acelera o ritmo de transmissão.
O primeiro-ministro assumiu que, “se a prevalência dessa estirpe for relevante”, aí, porventura, terão de ser tomadas “medidas perante uma nova realidade”, numa lógica que garante ser a mesma “desde o início: O Governo nunca hesitará em tomar a qualquer momento qualquer medida que seja necessária para travar a pandemia”.
“Agora, convém não esquecer que todos sabemos hoje qual foi o custo social e no processo de aprendizagem para as crianças do encerramento das escolas no ano passado. E aqui não se trata de compensar as perdas económicas de uma empresa, porque essas são mais ou menos compensáveis – podemos não compensar tudo, e não temos dinheiro infelizmente para compensar a dimensão das perdas que estão a ter -, estamos a falar da formação de uma geração, e este é um dano cujo preço a pagar não é hoje, é um preço que pagaremos longamente ao longo dos próximos anos. Portanto é preciso ter muita serenidade, ter muita calma, recolher informação e tomar as decisões”, declarou.
Lembrando que na quinta-feira haverá novo Conselho de Ministros, António Costa reiterou que o encerramento dos estabelecimentos escolares só será decretado “em último caso”, mas, atendendo à evolução da situação epidemiológica em Portugal, não excluiu o cenário de “lá ter que chegar”.
“Vamos fazer tudo para evitar o encerramento das escolas, e só o devemos fazer em último caso. Ontem [terça-feira] já o disse na Assembleia [da República]: Se, por exemplo, se vier a verificar que efetivamente a nova variante tem um peso muito grande e que, portanto, isso é um risco acrescido de uma circulação muito mais acelerada na transmissão do vírus, bom, poderemos lá ter que chegar. Mas eu acho que é o desejo de todos seguramente não chegarmos lá”, afirmou.
O primeiro-ministro adiantou que, ainda hoje, assim que estiver de regresso a Lisboa, se reunirá com as ministras da Saúde e da Presidência, e revelou que já falou hoje à tarde com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Nós temos estado a manter o acompanhamento permanente da situação todo o dia e eu, hoje, apesar de estar aqui no Parlamento Europeu, tenho mantido um contacto permanente com Portugal para ver a evolução da situação", disse António Costa.
"A senhora ministra da Saúde e a ministra da Presidência vão reunir hoje ao fim do dia com os epidemiologistas, eu tive a oportunidade ainda há pouco de falar com o Presidente da República, e quando chegar logo à noite a Lisboa irei reunir também com a ministra da Saúde e com a ministra da Presidência.
Amanhã [quinta-feira] temos Conselho de ministros, e portanto estamos a avaliar a evolução da situação", disse.
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