Em declarações â agência Lusa, o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, foi muito crítico em relação à decisão anunciada na quinta-feira pelo Conselho de Ministros de introduzir a obrigação de teste ou certificado na hotelaria, em Portugal continental, e no interior da restauração nos concelhos de risco elevado e muito elevado, a partir das 19:00 de sexta-feira e aos fins de semana e feriados, medida que afeta neste momento nove dos 16 concelhos do Algarve.
“Um exagero desnecessário, uma medida impraticável e de eficácia duvidosa. Ao contrário do que o Governo afirma, de que promove o desenvolvimento, vem restringir ainda mais a disponibilidade das pessoas para fazer férias e contribuir decisivamente para que muitos portugueses optem por passar férias no estrangeiro, em vez de optarem por fazê-lo no próprio país”, afirmou Elidérico Viegas.
A mesma fonte considerou que os “profissionais dos hotéis não são profissionais de saúde, nem forças de segurança, nem autoridades sanitárias” e “não estão habilitados nem têm condições para dar cumprimento à medida que foi anunciada pelo Governo”.
“E, portanto, apelamos veementemente ao Governo para que rápida e urgentemente reverta esta decisão, porque ela é atentatória do interesse público, não apenas regional, mas também nacional”, pediu o dirigente da associação empresarial algarvia.
Elidérico Viegas disse que a decisão anunciada na quinta-feira, no final do Conselho de Ministros, pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, “não faz sentido, é uma coisa sem qualquer nexo”, porque, argumentou, “os hotéis não são locais onde haja focos de infeção” e “não há conhecimento de focos de infeção desde o início da pandemia em hotéis e empreendimentos”.
“Os hotéis estão a ser bombardeados com telefonemas a toda a hora de todas as pessoas que tinham feito reservas, indignadas com esta decisão”, alertou, esclarecendo que, por enquanto, ainda não se assiste ao cancelamento de reservas, mas advertindo que a decisão “não vai motivar pessoas a fazer férias no país”.
No Algarve, dos 16 concelhos que integram a região, mais de metade (9) continuam a estar em risco elevado ou muito elevado, à semelhança do registado na semana passada, mas com o recuo de alguns para o nível de maior risco.
Com a atualização do mapa de risco, dois municípios algarvios estão em risco elevado, que são Lagoa e Portimão, que já estavam nesta situação a semana passada, e sete estão em risco muito elevado, em que se mantêm Albufeira, Loulé e Olhão e se juntam Faro, Lagos, São Brás de Alportel e Silves.
Em relação à semana passada, os restantes sete municípios do Algarve, designadamente Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Monchique, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António, continuam a estar fora dos níveis de risco elevado ou muito elevado, mas a maioria está em situação de alerta, com a exceção de Alcoutim e Aljezur.
Além da hotelaria, em Portugal continental, também a restauração está assim obrigada a exigir certificado covid-19 ou teste para ingressar no interior, mas apenas nos concelhos de risco elevado e muito elevado, entre as 19:00 de sexta-feira e aos fins de semana e feriados. A medida, segundo a ministra Mariana Vieira da Silva, começará a ser aplicada a partir do próximo sábado.
Esta medida aplica-se apenas ao fornecimento de refeições no interior dos restaurantes, deixando de fora as pastelarias e cafés.
São quatro as tipologias de testes aceites: os PCR e antigénio com resultado laboratorial e também os auto-testes feitos presencialmente (à entrada do estabelecimento) ou perante um profissional de saúde.
Para agilizar o acesso aos auto-testes, estes vão passar a ser vendidos no retalho alimentar, como supermercados.
Esta situação permite aos restaurantes dos concelhos de risco elevado ou muito elevado permanecerem abertos até às 22:30 aos fins de semana e feriados.
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