No final de uma reunião com a direção do Agrupamento de Centros de Saúde de Cascais, em São João do Estoril, Catarina Martins considerou que “haver pareceres científicos que são secretos não tem nenhum sentido”, quando questionada sobre a questão em torno da vacinação contra a covid-19 em crianças dos 5 aos 11 anos, que foi recomendada esta semana pela Direção-Geral da Saúde.

“Houve seguramente alguma inabilidade na forma como foi discutida a questão dos pareceres. Tudo isso se resolve tornando os pareceres públicos, toda a gente tendo acesso à informação, informando-se da melhor forma”, criticou.

Recordando que “Portugal é um exemplo de confiança na ciência e no SNS”, a líder do BE afirmou que “esse exemplo deve manter-se”, o que aconteceu “quando toda a gente conhece os dados”.

“Na verdade, não há nada a esconder. Como sabem, aliás, a decisão de aconselhar a vacinação de crianças foi tomada por unanimidade dos técnicos e, portanto, está-se a criar aqui muito ruído onde o ruído não deve existir”, defendeu.

Para Catarina Martins, não há qualquer problema “em conhecer-se pareceres técnicos que fundamentam decisões”.

“O que é fundamental é que toda a gente conheça os dados e na posse dos dados compreenda a decisão que foi tomada e que, eu repito, foi uma decisão por unanimidade, pela segurança e pela necessidade de avançar com o processo de vacinação, que é um processo facultativo, como deve ser, e, portanto, na posse de todos os dados e com a confiança que temos no nosso SNS, eu estou segura de que a vacinação das crianças irá avançar como avançou a vacinação nas outras faixas etárias”, reiterou.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) presta hoje à tarde esclarecimentos sobre o calendário de vacinação e respetiva logística necessária para o início da vacinação contra a covid-19 em crianças dos 5 aos 11 anos, sabendo-se já que as primeiras 300 mil vacinas (do consórcio farmacêutico BioNTech/Pfizer) chegam a Portugal na próxima segunda-feira.

A DGS recomendou esta semana a vacinação das crianças desta faixa etária, depois do parecer da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 ter considerado que a avaliação risco-benefício é favorável à sua vacinação.

A decisão foi, entretanto, criticada pelo presidente do Colégio da Especialidade de Pediatria, que considera a medida “desproporcionada” e “desnecessária”. Para o pediatra Amil Dias, sabendo-se que existem 600 mil crianças nesta faixa etária, “pelo menos um terço” já está naturalmente imunizada, sendo que “não ficaram doentes, nem morreram e só excecionalmente, em quatro casos, precisaram de ser internadas em cuidados intensivos”.