"Temos uma prioridade central, que já transmitimos ao Governo, que é assegurar os materiais de autoproteção para as equipas que estão na linha da frente", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, indicando que "há dificuldades em algumas áreas", nomeadamente no que respeita às máscaras.
À margem de iniciativa de apoio social a idosos, que decorreu na freguesia lisboeta de Benfica, Fernando Medina defendeu que é preciso estabelecer um quadro de orientações quanto à utilização das máscaras.
Questionado sobre o que está previsto nos planos de contingência para a Covid-19 nos setores essenciais para o funcionamento da cidade, nomeadamente recolha do lixo, proteção civil e bombeiros, o autarca disse que foram adotadas medidas de organização das equipas de trabalho, "dividindo as equipas ou desfasando horários, de forma a proteger melhor as equipas que estão em operação".
"Vai ser introduzido o sistema de medição da temperatura à entrada, em todos os postos de trabalho da Câmara e das Juntas de Freguesia", avançou Fernando Medina, referindo que vai também ser feita a desinfeção regular dos vários postos de trabalho.
Assim, as autarquias da capital estão a criar "um sistema para que tudo possa funcionar", acautelando a segurança dos trabalhadores, "para reduzir riscos e para melhorar as condições de trabalho".
"Ninguém imagina uma cidade sem um sistema de recolha [de resíduos] a funcionar", afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, assegurando que as autarquias lisboetas têm estado "muito empenhadas", nas últimas semanas, em organizar as equipas de trabalho dos setores essenciais para o funcionamento da cidade, e "agindo com precaução, com providência, porque vão ser meses muito duros".
Dirigindo "uma grande palavra de agradecimento e de reconhecimento" aos trabalhadores, assim como aos profissionais do Sistema Nacional de Saúde (SNS), Fernando Medina destacou o "trabalho incrível" dos funcionários da Câmara de Lisboa, dos municípios da Área Metropolitana de Lisboa e das Juntas de Freguesia.
"Estão a fazer um trabalho incrível, porque eles não estão a ir para casa, a tarefa deles não pode ser feita por teletrabalho e a tarefa deles tem que ser feita", reforçou o autarca de Lisboa.
Vítor Reis, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), assegurou, em declarações à Lusa, que a recolha de resíduos sólidos urbanos em Lisboa vai fazer-se normalmente, com o funcionamento de equipas que vão sendo substituídas periodicamente por outras, “sem qualquer perda dos seus rendimentos”.
O sindicalista sublinhou que foi pedido à Câmara de Lisboa que forneça todos os equipamentos de proteção individual que sejam necessários e todas as medidas de segurança e de saúde no trabalho, “que devem ser sempre respeitadas, mas agora, numa situação de pandemia, ainda mais”.
O presidente da Câmara de Lisboa reuniu hoje 'online' com presidentes das Juntas de Freguesia da capital, que são responsáveis pela limpeza e varredura das ruas.
Em declarações à Lusa, André Couto, presidente de Campolide (PS), sublinhou que as freguesias têm sentido que, como há menos pessoas nas ruas, “há menos lixo recolhido nas ruas”.
“Mas os trabalhadores estão muito expostos. Aquilo que estamos a fazer é, por todos os meios, tentar conseguir os meios de proteção para que eles possam desempenhar o seu trabalho em segurança, mas nem sempre está fácil”, disse, sublinhando que a falta de materiais, como máscaras e equipamentos semelhantes, é uma realidade no país inteiro.
O presidente da freguesia de Belém, Fernando Ribeiro Rosa (PPD/PSD-CDS-PP/MPT), realçou que uma das grandes prioridades da sua autarquia, neste momento, é “a segurança dos trabalhadores”.
“A limpeza urbana mantém-se nas precisas condições em que estava, mas está a seguir algumas orientações: entram para os balneários de uma forma escalada, para não ser tudo ao mesmo tempo a entrar e a sair. Para minimizar os riscos, mesmo na hora das refeições, definimos que têm de estar a uma distância de pelo menos um metro, porque é uma das profissões da linha da frente, tal como polícias e bombeiros, a seguir aos médicos e enfermeiros, evidentemente”, disse.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira. No entanto, este número baseia-se na confirmação de três casos positivos nos Açores, mas a Autoridade de Saúde Regional, contactada pela Lusa, sublinhou serem dois os casos positivos na região e adiantou estar em contactos para se corrigir a informação avançada pela DGS, baixando assim para 641.
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