Numa pergunta dirigida à ministério da Saúde, Marta Temido, através do parlamento, os centristas referem ter recebido denúncias sobre "pessoas que têm sido vacinadas contra a covid-19, apesar de não estarem incluídas em grupos prioritários ou de risco".

"Entre estes, alguns são já do domínio público, como são os casos do presidente da câmara municipal de Reguengos de Monsaraz (CMRM) e do presidente da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez (AMAV), mas também o caso de um grupo de 170 trabalhadores da área social e todos os dirigentes de todas as áreas da Segurança Social de Setúbal que, alegadamente, terão sido vacinados contra a covid-19", concretizam.

Sobre o caso do autarca de Reguengos de Monsaraz, que é também presidente da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, responsável por um lar de idosos, o CDS-PP pergunta ao Ministério da Saúde se "foi tomada alguma medida concreta", lembrando que o coordenador da ‘taskforce’ do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, em declarações ao Observador, reconheceu que José Calixto “não deveria ter sido vacinado” e que “esteve mal” enquanto membro da administração do lar.

O grupo parlamentar centrista cita também a denúncia da Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC), apontando de que foram vacinados "diretores, assessores, administradores e informáticos do INEM".

Citando que os argumentos para a vacinação de pessoas não prioritárias se prendem com a sobra de doses da vacina, o CDS salienta que "o que está determinado é que devem ser vacinados na primeira fase os 'profissionais e residentes de lares e instituições similares" e que "nunca se fala em dirigentes".

"Para o CDS, todos estes casos causam alguma estranheza e incompreensão e contribuem para um descrédito de todo o processo de vacinação, ainda mais junto da população em geral. E, corroborando as palavras do coordenador da 'taskforce', também o CDS entende que nesta fase não deverá ser muito difícil encontrar pessoas prioritárias a quem dar a vacina", defende o partido.

Os deputados democratas-cristãos perguntam "quantas notificações e/ou queixas sobre vacinação 'inadequada' já chegaram ao Ministério da Saúde" e "que medidas foram já tomadas para que estes casos parem por aqui e não se repliquem".

O CDS-PP quer também saber "que tipo de acompanhamento está o Governo a fazer do cumprimento das orientações gerais para administração da vacina contra a covid-19".

O plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal começou em 27 de dezembro nos hospitais, abrangendo os profissionais de saúde, e já se estendeu aos lares de idosos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.176.000 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 11.305 pessoas dos 668.951 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.