Intervindo na Assembleia da República durante o período de declarações políticas, o deputado centrista João Almeida assinalou que a pandemia tem “especial impacto” nos mais idosos e lembrou que o CDS, “logo em março e em abril, reclamou medidas que diretamente se dirigissem aos mais velhos e conseguissem, numa primeira fase proteger, numa segunda fase minorar os impactos desta pandemia nos mais velhos”, tanto os que estão nos lares, como os que vivem nas suas casas.

"Tantos idosos que há quase um ano perderam quase na totalidade toda a sua ligação à comunidade, toda a sua ligação à sociedade, e em muitos casos toda a sua ligação às próprias famílias", lamentou, pedindo ao Governo que "não os esqueça como esqueceu até agora" e que "a resposta seja muito melhor", numa altura em que está em cima da mesa um novo confinamento.

Ressalvando que foram sendo anunciadas medidas "especialmente dirigidas aos lares", João Almeida salientou que "a resposta não foi eficaz" e apontou que o Governo anunciou as brigadas de resposta rápida para os lares, mas reconheceu que "não há capacidade" para "responder a todas as solicitações e todos os problemas dos lares".

Também a deputada Clara Marques Mendes, do PSD, sublinhou a necessidade de "encontrar medidas para todos os idosos, independentemente de se encontrem nas suas residências, em lares, em instituições”, sejam “elas legais ou ilegais” e criticou que existem "várias questões às quais o Governo não tem sabido dar resposta".

Já o PS, que acusou João Almeida de ter feito uma intervenção com "informações injustas e que não correspondem à verdade", realçou as medidas que já foram postas em prática pelo Governo para proteger os idosos em lares, e destacou também "o sucesso" da vacinação dos idosos que estão institucionalizados.

O partido referiu que na primeira semana foram vacinados "mais de sete mil cidadãos" em "30 concelhos" e que até 15 de janeiro "prevê-se 30 mil pessoas" em "60 concelhos", argumentando que "em 15 dias um terço dos concelhos do país estão livres de covid nas instituições residenciais".

Em resposta, João Almeida recusou ter apresentado dados que não correspondam à verdade, e lamentou que os socialistas tenham apenas lido "um email do Ministério" com "os dados que acham positivos".

O BE constatou que "a resposta pública tem sido tardia e continua, em muitos casos, a ser insuficiente", mas defendeu que isso é consequência de um "monopólio de uma resposta privada" e pelo privilégio pelo "modelo de institucionalização" em detrimento de outras respostas.

Diana Ferreira, do PCP, considerou que existe "uma situação preocupante nos lares" e que os idosos que estão nas suas casas "precisam de um conjunto de respostas e de acompanhamento que também não estão a ter", defendendo a existência de uma rede pública de lares.

A deputada Mariana Silva, do PEV, recusou aceitar que a população idosa “fique desprotegida” e criticou "o aumento considerável das mensalidades" dos lares de idosos, que diz estar a ser praticado em plena pandemia.

O plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal começou em 27 de dezembro nos hospitais, abrangendo os profissionais de saúde, e já se estendeu aos lares de idosos.

A primeira fase do plano, até final de março, abrange também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos.