“O que vimos até agora é que as vacinas são altamente eficazes”, não sabemos até quando, disse o professor e um dos nomes mais conhecidos no combate à pandemia em Israel, um dos países que conseguiram com mais êxito controlar a doença da covid-19 provocada pelo novo coronavírus.
Eran Segal foi hoje um dos participantes numa conferência internacional (presencial e virtual) que decorre em Coimbra sobre doenças infecciosas emergentes.
Com mais de metade da população vacinada com as duas doses, Israel apostou também numa grande campanha de informação e recolha e análise de dados, um tema que o responsável explicou na conferência, afirmando depois que a vacinação foi eficaz tendo em conta as principais variantes do vírus.
Eran Segal explicou também que para o sucesso da luta contra a covid-19 foi importante o sistema de informação e comunicação que permitiu construir modelos sobre a evolução da pandemia, a começar por um inquérito simples e “online” que as pessoas podiam responder e enviar em minutos relatando os sintomas da possível infeção.
O sistema permitiu por exemplo, disse, prever quando os serviços de saúde iriam atingir o limite, ou permitiu, quando se percebeu a prevalência da chamada variante inglesa do vírus (mais contagiosa), aconselhar o Governo a decretar um confinamento imediato.
“Penso que estes modelos podem ser muito úteis”, disse, explicando que desta forma se pode prever a evolução de casos críticos da doença, até de quanto tempo os doentes vão precisar de ventilação.
Com o sistema de informação implantado, o Instituto analisou a eficácia das vacinas, cujo primeiro sinal foi o declínio de contágios, das hospitalizações, e de casos graves.
Eran Segal explicou que durante o mês de confinamento (no início do ano) mas também de vacinação, foi verificado um decréscimo dos internamentos das pessoas mais idosas. “As hospitalizações começaram a ser essencialmente de pessoas mais novas, porque as mais idosas estavam mais protegidas”, ao terem sido prioritários na vacinação, disse.
Com um número oficial de novos casos de covid-19 a ser residual, o cientista acentuou esse facto na conferência: “hoje a economia está aberta e o número de casos está a descer”.
Na conferência, o virologista do Instituto Pasteur de Paris Etienne Simon-Loriere explicou o trabalho de investigação que está a ser feito para perceber melhor as origens e evolução do vírus, o mesmo fazendo Vítor Borges, investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.
Vitor Borges explicou as conclusões de um estudo sobre a diversidade genética do vírus, e referiu que no início da pandemia em Portugal, há mais de um ano, se identificaram 277 pessoas infetadas, de 36 países, que chegaram a Portugal até 31 de março de 2020.
Os dois responsáveis concordaram que há ainda pouca informação sobre a nova variante da covid-19 detetada na Índia, para se perceber se será mais transmissível.
Etienne Simon-Loriere admitiu que a variante “não seja mais assustadora” e que a grande quantidade de casos na Índia não estará relacionada com a variante mas com a dinâmica do país.
A conferência é organizada pela Universidade de Coimbra e em colaboração com o Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL), o Centro para a Inovação em Biotecnologia e Biomedicina (CIBB), a Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB) e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
É promovida no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia.
Biologia celular e molecular, imunidade, epidemiologia, vacinas e o impacto da atual pandemia, são alguns dos temas em debate.
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