No fim-de-semana, a ministra da Saúde anunciou que os profissionais de saúde poderiam usar o subsídio - que lhes seria entregue se ficassem em casa com os filhos - para contratar alguém para tomar conta dos seus filhos. Esta é uma das alternativas a deixar as crianças nas escolas – há cerca de 600 estabelecimentos de ensino preparados para receber alunos de profissionais de serviços essenciais.

Para o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, a medida destinada aos profissionais de saúde deveria ser alargada a todos os outros que estão impedidos de ficar em casa com os filhos porque são necessários nesta fase de disseminação do novo coronavírus.

“É uma inadmissível discriminação desses trabalhadores, já de si expostos a risco pessoal acrescido, os seus filhos terem de continuar a frequentar a escola, quando todas as outras crianças se encontram em casa, evitando, dessa forma, o contacto entre si. Seria inaceitável, como, aliás, já se pronunciou a Federação Nacional dos Médicos, que os filhos destes trabalhadores vissem aumentar o seu próprio risco, permanecendo todo o dia com outras crianças de risco acrescido de contágio” lembrou.

Por isso, a Fenprof defende que “todos os trabalhadores de serviços essenciais, quando necessário, deverão poder escolher cuidadores para os seus filhos”.

Mário Nogueira apontou várias razões para ser contra a opção de deixar as crianças nas escolas: “É difícil mantê-las separadas durante um dia inteiro” além de que os estabelecimentos de ensino não estão munidos de equipamento de proteção, indispensável para estas situações.

“Mesmo que estivessem preparadas, seria impossível pedir a professores e alunos que passassem um dia inteiro equipados com máscaras e luvas”, alertou o secretário-geral da Fenprof.

No entanto, os diretores das escolas garantem que serão pontuais os casos de famílias que terão de deixar as crianças na escola, pelo menos nesta fase.

Hoje não houve registo de famílias a querer deixar os filhos nas escolas, segundo um levantamento feito junto de escolas pelos dois presidentes das associações de diretores escolares - Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) e a Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).

À Lusa, os dois diretores contaram que, provavelmente, só quando a situação se agravar, é que eventualmente as famílias poderão ter de recorrer às escolas. Mas, dizem, serão casos pontuais que não obrigarão a juntar os alunos.