O hospital de Penafiel, que integra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, do qual também faz parte o hospital de Amarante, cobre uma área de 12 concelhos e está perto da rutura, noticia o jornal Público.
As urgências chegaram a atender 800 pessoas por dia desde a semana passada, tendo duas áreas deste serviço - a laranja e a amarela - sido transformadas em zonas para receber doentes com sintomas de infeção de Covid-19.
Pacientes chegam a estar internados no serviço de urgência durante três dias, por falta de espaço. Terça-feira de manhã, dia 27 de outubro, estariam 25 a 30 doentes nesta situação.
Há 53 profissionais infetados com Covid-19 e outros tantos em quarentena ou a faltar devido a licenças relacionadas com a epidemia de Covid-19. Há por isso falta de recursos humanos no hospital.
Esta terça-feira, dia 27 de outubro, estavam internados 164 doentes com Covid-19 neste hospital. Esta unidade abriu também terça-feira 23 camas para pacientes com Covid, o que aliviou a pressão. A maior parte dos doentes (78) está internada em três unidades da medicina interna e 26 numa ala de ortopedia, além de oito nos cuidados intensivos.
Este fim-de-semana começou a funcionar uma tenda do INEM, onde se realizam testes a doentes assintomáticos ou com sintomas ligeiros. Há ainda contentores, com uma área de 500 metros quadrados, que deverão permitir retirar os internados da urgência - mas que ainda não estão em funcionamento.
A médica Lindora Pires, delegada sindical do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), diz ao Público estar muito preocupada com a evolução da situação, num hospital que serve uma população de 520 mil pessoas e tem a segunda maior urgência do Norte do país.
“Estamos à beira da rutura. Só ainda não a atingimos porque temos profissionais excelentes, com uma enorme capacidade de trabalho”, argumenta a intensivista. A médica prevê que a situação continue a agravar-se - e não só em Penafiel, mas no resto do país. Isso iria impedir hospitais para onde foram transferidos cerca de 30 a 40 doentes Covid que entraram no hospital de Penafiel a conseguirem ajudar, como é o caso de Braga, Viana, Bragança, Vila Real.
“Os profissionais não vão conseguir manter este ritmo muito mais tempo”, acredita.
O presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros, João Paulo Carvalho, vê como “dramática” e “gravíssima” a realidade passada esta terça-feira na urgência do hospital de Penafiel. “Temos 101 doentes na área respiratória e apenas quatro enfermeiros”.
Destes, 35 estavam infetados com Covid-19 e “estava já posta em causa” a separação dos circuitos (entre suspeitos de infeção e os casos confirmados). A delegada sindical corrobora o cenário, dizendo que não há alternativa, já que há 13 enfermeiros do serviço de urgência infetados.
Recrutar profissionais não tem sido fácil, porque “oferecem apenas contratos de quatro meses”, explica João Paulo Carvalho.
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