João Cotrim Figueiredo, representante único dos liberais no parlamento, foi o último dos líderes partidários a falar hoje no Infarmed, depois da sétima reunião para analisar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, aproveitando para contrapor algumas das ideias que tinham sido adiantadas por alguns dos outros partidos.
“Ao contrário do que se calhar ficaram com a ideia de outras intervenções, não foi dita nesta reunião nenhuma razão específica que explicasse a não redução de casos em Lisboa e Vale do Tejo. Aliás, deu origem a várias perguntas porque não se compreende muito bem que uma situação que já se conhece há sete ou 10 dias não tenha ainda pelo menos uma boa hipótese de explicação”, apontou.
De acordo com o também presidente da Iniciativa Liberal, “certamente não se sabe se tem a ver com empresas de trabalho temporário, como o Bloco de Esquerda e o PCP acabaram de tentar vender” nas declarações que fizeram anteriormente.
“O assunto sério é: não se sabe exatamente por que é que Lisboa é a única região do país que não está a descer os casos e isso sim devia ser matéria de preocupação porque não sabendo não podemos atacar”, advertiu.
Por outro lado, de acordo com João Cotrim Figueiredo, não se sabe se “por trás daquilo que tem sido um proclamado bom tratamento do Serviço Nacional de Saúde em relação à covid-19”, ao deixar “para trás centenas de milhares de consultas e dezenas de milhares de cirurgias”, se não se está “a esconder uma crise de saúde pública idêntica”.
“É uma matéria que nos devia preocupar a todos e será certamente matéria política nos tempos mais próximos”, antecipou.
Segundo o deputado liberal, “continua a não haver uma explicação cabal” para perceber se em Portugal está a ser criar “uma bolha de saúde pública, um problema de saúde pública pelo adiamento sistemático dos cuidados de saúde que não têm sido prestados”.
“Sem dados fiáveis, sem informação concreta, não vamos conseguir resolver os problemas”, avisou.
Outro dos aspetos visados por João Cotrim Figueiredo é o facto de “os números que têm vindo a aparecer resultarem de um desconfinamento que é muito lento e muito gradual”.
“No barómetro da Escola Nacional de Saúde Pública o número de pessoas que indicaram que passaram a sair mais de casa ou a sair de casa todos os dias, aumentou pouquíssimo e por outro lado mantém-se muito alto o número de pessoas que nunca sai de casa ou sai de casa raramente”, referiu.
Este desconfinamento lento, para o liberal, “mostra falta de confiança que muitas pessoas têm ainda em usar espaços públicos, transportes públicos ou voltar aos locais de trabalho presencial”.
“Mas isto também tem a ver com a forma como o processo foi gerido desde o princípio, com exagero de medidas, exageraram nas cautelas que era necessário ter, nomeadamente na declaração do estado de emergência”, criticou.
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