As medidas foram anunciadas na noite de hoje após horas de consultas com responsáveis de diversas áreas. O Governo foi forçado a estas novas medidas após um novo surto ter provocado mais de 1.000 mortos e um aumento exponencial do nível de infeções.

O recolher obrigatório vai decorrer a partir de segunda-feira entre as 19:00 e as 05:00, hora local e não foi precisado por quanto tempo será mantido em vigor. As pessoas não serão autorizadas a deslocar-se para além de 500 metros de suas casas, e o comércio não essencial vai ser encerrado.

O anúncio surge menos de duas semanas antes do Novo Ano judaico. O atual surto suscitou receios sobre um eventual confinamento a nível nacional no decurso do período de feriados, que tradicionalmente regista um aumento das deslocações internas e amplas reuniões familiares.

Netanyahu, sob intensa pressão, designou em julho o médico Ronni Gamzu, um conhecido diretor hospitalar e antigo diretor no ministério da Saúde, como “supervisor do projeto coronavírus” à escala nacional.

Gamzu tem sugerido o confinamento total nas áreas onde se registam os maiores surtos da pandemia. Estas cidades “vermelhas” concentram-se nas regiões habitadas pelas comunidades de árabes israelitas e de judeus ultraortodoxos.

No entanto, os líderes ultraortodoxos têm resistido aos apelos de confinamento e ameaçam desobedecer às novas ordens. Os partidos ortodoxos são parceiros decisivos na coligação governamental liderada por Netanyahu.

Num aparente compromisso, o primeiro-ministro indicou que estas “áreas vermelhas” serão submetidas a um recolher obrigatório noturno, com o encerramento das escolas e a proibição de ajuntamentos públicos, mas evitou decretar um confinamento total.

“Sei que estas medidas não são fáceis, mas nas atuais circunstâncias é impossível evitá-las”, disse. “Vamos prosseguir com a adoção de medidas responsáveis e necessárias para proteger a saúde pública, as vidas e a economia”.

Na passada primavera, Israel foi elogiado por diversas instituições pelas medidas antecipadas para conter a crise do novo coronavírus, ao encerrar antecipadamente as fronteiras e fornecer sinais de que o surto estava sob controlo.

No entanto, Netanyahu foi criticado por ordenar a reabertura da economia em maio, uma medida considerada precipitada. Desde então, o surgimento de novos casos atingiu os níveis mais elevados, com o Governo a ser acusado de responsabilidade pelo ressurgimento da doença e com o desemprego a ultrapassar a barreira dos 20%.

Os protestos semanais que exigem a demissão de Netanyahu, indiciado em novembro de 2019 por corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos — uma situação inédita para um chefe de Governo israelita em funções — passaram a incluir protestos contra a sua gestão da crise sanitária, quando a fragilidade das ajudas sociais origina que parte importante da população enfrente sérias dificuldades económicas.

Israel registou cerca de 130.000 casos de covid-19 com mais de 26.000 ainda ativos. Recentemente têm sido registados cerca de 3.000 novos casos diários e inclui-se entre os países do mundo onde a taxa de contaminação por habitante é das mais elevadas.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 880.396 mortos e infetou mais de 26,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (188.501) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 6,2 milhões).

Seguem-se Brasil (126.203 mortos, mais de 4,1 milhões de casos), Índia (70.626, mais de 4,1 milhões de infetados), México (67.326, mais de 629 mil infetados) e Reino Unido (41.551 mortos, mais de 347 mil casos).

A Rússia, com 17.707 mortos, é o quarto país do mundo em número de infetados, depois de EUA, Brasil e Índia, com mais de um milhão de casos, seguindo-se o Peru, com mais de 676 mil casos e 29.554 mortos, e a Colômbia, com mais de 650 mil casos e 20.886 mortos.