Jerónimo de Sousa aproveitou o final de uma audição pública com sindicalistas na sede do centro Vitória, em Lisboa, para tentar desmontar um “equívoco monstruoso” de que “estamos todos no mesmo barco” a sofrer os efeitos, há mais de dois meses, da paragem do país causada pela pandemia de covid-19.

“Essa conversa não resiste a 10 segundos de raciocínio”, ironizou, para logo a seguir dar vários exemplos de quem não está no “mesmo barco” dos trabalhadores: os administradores do Novo Banco, as grandes empresas ou a Petrogal, que quer “despedir 600 trabalhadores”.

O líder dos comunistas disse acreditar que esta “tese vai perdendo força à medida que a realidade de sobrepõe, incluindo o medo”.

Esse medo “é genuíno”, “a insegurança é grande”, admitiu, depois de, durante mais de uma hora e meia, ter ouvido relatos de sindicalistas de alegadas pressões sobre trabalhadores e cortes nos rendimentos.

A quem o seguia na sala – e também através das redes sociais, através do “site” do PCP, Facebook e Twitter – fez um pedido.

“Há uma luta a travar” pelos trabalhadores e ir “além do medo, na defesa dos seus interesses e dos seus direitos”.

Como houve, sem fazer comparações, quando se comemorava o 1.º de Maio durante a ditadura, até ao 25 de Abril de 1974.

Esta foi a primeira acção pública com Jerónimo de Sousa e dirigentes do partido numa sede partidária desde março: a sala era pequena, estavam 30 pessoas, separadas por uma distância de segurança, havia gel desinfetante, entrava-se por um lado da sala e saía-se pelo outro.

Jerónimo justificou por que motivo o partido faz as suas ações presencias e não apenas através da Internet.

“Alguns julgaram poder amarrar-nos para nos calar, procuraram empurrar-nos para trás dos ecrãs de computadores ou de telemóveis, para limitar a nossa intervenção. Enganaram-se”, disse, dando, depois, os exemplos da defesa que o PCP argumenta ter feito pelas “condições de trabalho”, contra a perda de direitos, na "solidariedade com os que ficaram desempregados".