“Confirmo que isso aconteceu”, disse o padre Manuel Fernando Silva que preside ao CSPA, no distrito do Porto, recusando, contudo, que o cenário em que tal se deu possa dar azo a polémica.
Maria Emília Soares Silva, mãe do padre, e a costureira da instituição, Maria Rosa Duarte, “foram vacinadas no decurso do processo que decorreu no CSPA nos dias 21 e 22 de janeiro e que envolveu 127 utentes e 85 funcionários dos dois polos do centro social”, acrescentou.
“A minha mãe tem 68 anos, um quadro de risco, vive na casa paroquial, enquadrada no perímetro do centro social e faz vivência na instituição. Em ternos formais não é funcionária nem utente, mas faz vivência na instituição e tem contacto constante no seu interior e, por diversas vezes, já fez trabalho voluntário, substituindo funcionários que tiveram de ficar de baixa. Além disso é diabética e tem hipertensão”, explicou o pároco.
Confirmando que a mãe “fez parte da lista inicial” apresentada à Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, Manuel Fernando Silva explicou depois porque foi também vacinada “a costureira, há muitos anos colaboradora do centro”.
“Ela autopropôs-se, depois percebeu-se que não poderia ser vacinada, mas acabou por beneficiar do facto de haver sobra de vacinas”, disse o responsável.
De Maria Rosa Duarte justificou ainda que tem “um ateliê de costura com os utentes, no centro social” e que esse “contacto mais ou menos frequente” levou a direção do CSPA a “encarar que era de acautelar essa situação também”.
Sobre as sobras de vacinas, o pároco contabilizou sete, explicando que, por exemplo, “quatro dos funcionários presentes na lista não foram vacinados devido a terem alergias que obrigam a que o sejam em contexto hospitalar”.
“Não houve da nossa parte tentativa do uso abusivo da vacina. Não estamos a lesar os bens nacionais porque sei que a vacina é um bem escasso. Tivemos o cuidado de fazer uma triagem muito estreita sobre quem tem contacto com utentes e funcionários”, salientou o presidente do centro.
E assinalou: “nem eu nem ninguém da direção do CSPA foi vacinado”.
Questionado sobre o que foi feito às “sete vacinas que sobraram”, o pároco respondeu que “essa gestão foi da equipa médica e de enfermagem [do Agrupamento de Centros de Saúde Maia/Valongo]”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.227.605 mortos resultantes de mais de 102,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 12.757 pessoas dos 726.321 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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