“O SNMMP – Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, vem por este meio alertar para a despreocupação e passividade face à prevenção e proteção dos motoristas em geral, principalmente os afetos ao serviço internacional, que apesar da galopante propagação do vírus Covid-19 a nível global, continuam a circular livremente pelos países europeus, sem qualquer tipo de observação e/ou triagem fronteiriça, tornando-se literalmente em potenciais importadores e exportadores do vírus”, lê-se num comunicado enviado às redações.

Contactado pela agência Lusa, o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, esclareceu que tem recebido informações por parte de associados de que as autoridades presentes nas zonas fronteiriças “apenas estão lá a marcar presença e que não há uma intervenção direta a nível de medição de temperatura, ou uma consulta a nível de sintomatologia”, por exemplo.

Para o SNMMP “é impreterível” que as empresas de transporte tomem medidas para proteger os trabalhadores de possíveis contágios, bem como o “acompanhamento rigoroso” destes profissionais pelas autoridades competentes, na passagem de fronteiras.

Francisco São Bento disse à Lusa que um controlo rigoroso nas fronteiras “é importante, não só para salvaguardar os motoristas, mas também a população em geral”, tendo já o sindicato alertado diversos ministérios e associações patronais para esta situação.

O SNMMP adianta, ainda, que “se encontram neste preciso momento, a milhares de quilómetros das suas residências, motoristas em situação de escassez de alimentos”, devido ao açambarcamento de produtos e alimentos que ocorre um pouco por toda a Europa.

Há também casos de motoristas no estrangeiro que não conseguem aceder a instalações sanitárias nas áreas de serviço onde fazem os descansos diários, “tornando impossível a manutenção das suas condições mínimas de higiene e salubridade”, acrescenta o sindicato.

“Há pontos específicos ao longo das autoestradas pela Europa fora onde os motoristas estacionam, efetuam os seus descansos diários e tomam banho. […] Foi-nos transmitido que proibiram em alguns destes locais o aceso às instalações sanitárias e que existe, neste momento, uma enorme escassez de alimentos”, acrescentou o presidente do sindicato.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais de 55 mil infetados e pelo menos 2.335 mortos.

A Itália com 1.809 mortos (em 24.747 casos), a Espanha com 297 mortos (8.794 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Portugal, que tem 331 pessoas infetadas até hoje e um morto confirmado, está em estado de alerta desde sexta-feira e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

O Governo também anunciou hoje o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.