Numa rara crítica a Pequim, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que os membros de uma equipa internacional de cientistas encarregada de rastrear a origem do novo coronavírus deixaram os respetivos países, nas últimas 24 horas, como parte de um acordo com o Governo chinês.

"Hoje soubemos que as autoridades chinesas ainda não finalizaram as permissões necessárias para a chegada da equipa à China", disse Tedros, durante uma conferência de imprensa, em Genebra.

"Estou muito desapontado com esta notícia, visto que dois membros já começaram a viagem e outros não puderam partir no último minuto", disse.

Tedros garantiu que "deixou claro" que a missão é uma prioridade para a agência de saúde da ONU, e que tem a "certeza de que a China está a acelerar os procedimentos internos" para que os trabalhos de investigação arranquem.

"Estamos ansiosos para iniciar esta missão o mais rápido possível", disse.

Espera-se que os especialistas visitem a cidade de Wuhan, onde foram detetados os primeiros casos de covid-19 em dezembro de 2019.

O chefe de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, disse que a investigação devia ter arrancado na terça-feira, mas que as aprovações necessárias não foram ainda concedidas, incluindo a emissão de vistos.

A imprensa estatal e as autoridades chinesas têm difundido informações que apontam para uma origem externa do vírus, possivelmente através da importação de alimentos congelados, o que é rejeitado pela OMS.

Itália, Estados Unidos e Índia foram já apontados como locais de origem da doença.

"Cada vez mais pesquisas sugerem que a epidemia pode ter aparecido em muitos lugares do mundo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, no fim de semana.

A OMS foi alvo de duras críticas por parte do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou a organização de estar ao serviço da China.

Ryan disse que Tedros "tomou medidas imediatas" e contactou altos funcionários chineses para "enfatizar a natureza crítica" desta investigação.

"Esperamos que esta seja apenas uma questão logística e burocrática que possa ser resolvida muito rapidamente", acrescentou Ryan.

A missão é formada por dez cientistas (Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Austrália, Rússia, Vietname, Alemanha, Estados Unidos, Qatar e Japão) reconhecidos em diversas áreas de atuação.