“Há descrições recentes de casos de crianças em alguns países europeus que tiveram esta síndrome inflamatória semelhante à síndrome de Kawasaki, que parecem ser muito raros”, afirmou a principal responsável técnica do programa de emergências sanitárias da OMS, Maria Van Kerkhove, numa conferência de imprensa na sede da organização em Genebra.
A responsável da OMS garantiu que a sua rede internacional de médicos está a “estudar especificamente” o assunto, que discutiu na terça-feira numa reunião por teleconferência.
O diretor executivo do programa, Michael Ryan, afirmou que os clínicos têm registado em crianças com covid-19 “uma forma atípica de síndrome de Kawasaki”, uma doença rara que se manifesta num “processo inflamatório nos vasos sanguíneos”.
Michael Ryan indicou que poderá ser, tal como se tem assistido em casos de covid-19 em adultos, o novo coronavírus a “atacar outros tecidos além do pulmonar”.
“Estamos numa fase em que os médicos estão a estudar quais são os outros efeitos desta infeção. É algo que vimos em muitas doenças emergentes, que atacam mais do que um tipo de tecidos e podem afetar vários órgãos”, indicou.
O epidemiologista irlandês afirmou que é muito importante que os pediatras e outros médicos continuem a registar e a comunicar estes sintomas, quando acontecem, e recomendou aos pais que “vigiem sempre o agravamento de sintomas em crianças com doenças infecciosas”.
Maria Van Kerkhove notou que a maioria dos casos de covid-19 registados em crianças tendem a ser menos severos do que acontece nos adultos.
As autoridades de saúde britânicas lançaram na segunda-feira um alerta sobre um aumento do número de crianças com sintomas semelhantes à doença de Kawasaki, uma síndrome vascular que afeta crianças pequenas, cuja causa permanece desconhecida.
Na terça-feira, as associações de pediatria do Reino Unido, da Itália e de Espanha pediram aos médicos do setor para estarem atentos a crianças que apresentem uma condição inflamatória rara porque a doença pode estar ligada ao novo coronavírus.
O primeiro alerta partiu, no início da semana, da Associação de Pediatras de Cuidados Intensivos do Reino Unido, mas foi, entretanto, secundada pela Associação Espanhola de Pediatria e pela Sociedade Italiana de Pediatras.
Segundo as autoridades do Reino Unido, “nas últimas três semanas houve um aumento aparente, em Londres e também em outras regiões do Reino Unido, do número de crianças de todas as idades com um estado inflamatório multissistémico que requer cuidados intensivos”.
Em Portugal, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse hoje que até à data não foi verificado nenhum caso em Portugal.
“Os pediatras acompanham esta situação, os médicos em geral, mas até à data não temos reporte de se ter verificado algumas destas situações em Portugal”, disse Graça Freitas durante a conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia de covid-19 em Portugal.
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