“Nós não queremos uma purga em Paços de Ferreira. Este é um concelho de pessoas responsáveis, tanto é que tem vindo a reduzir o número de casos mesmo antes de ter sido implementado o estado de emergência”, afirmou o autarca, Humberto Brito.
Em declarações aos jornalistas, depois de se ter reunido com vários empresários da restauração da cidade, Humberto Brito disse que já transmitiu ao Governo que é “contra mais medidas restritivas que ponham em causa a atividade económica” do concelho.
“Não é pelo facto de termos muitos infetados que devem ser tomadas medidas mais castradoras que venham impor mais imposições e que venham prejudicar um concelho que tem uma atividade económica muito forte”, referiu.
O autarca apelou ainda ao Governo para que abra o hospital de campanha, situado nas antigas instalações do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, que o município disponibilizou para garantir a assistência a cidadãos infetados com o novo coronavírus ou em situação de vulnerabilidade.
“Este é um problema de saúde pública, o que temos de tratar é da questão da saúde das pessoas, nomeadamente que os hospitais tenham resposta para os doentes que dele necessitam e que o Sistema Nacional de Saúde possa funcionar com todas as condições”, salientou.
Na sequência da reunião com os vários empresários do setor da restauração, Humberto Brito disse que a autarquia vai disponibilizar a “realização de testes rápidos” a todos aqueles que trabalham no setor, e tem também uma equipa a acompanhar os empresários para que beneficiem das medidas económicas anunciadas pelo Governo.
“Não é na restauração que o problema existe, não é aqui que está o foco (…). Não quero que existam mais falências nem encerramentos. Se de facto for necessário reverter estas medidas, que elas sejam revertidas”, realçou.
Hoje, cerca de meia centena de empresários da restauração juntaram-se numa manifestação silenciosa em Paços de Ferreira, que culminou à porta da Câmara Municipal.
À Lusa, Nelson Carvalho, representante dos empresários da restauração, afirmou que o intuito foi mostrar o “descontentamento” com as medidas decretadas pelo Governo.
“Estamos completamente em desacordo com o nosso Governo, com as leis que impôs. Mais uma vez, a área da restauração é das mais afetadas. Não achamos justo”, afirmou, acrescentando que a manifestação visava também “limpar a imagem de Paços de Ferreira perante o país”.
“Neste momento está a passar a imagem de que Paços de Ferreira é um concelho inconsciente e isso não é verdade”, afirmou.
Na madrugada de domingo, após o Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, António Costa, adiantou que o concelho de Paços de Ferreiro é o caso mais grave por registar uma taxa de incidência de mais de 4.000 casos por 100 mil habitantes.
“É uma situação objetivamente muito diferente de um concelho que tenha os 240 (casos por 100 mil habitante em 14 dias) e, portanto, vamos muito provavelmente ter de adotar medidas mais diferenciadas para estes concelhos que têm níveis de incidência muitíssimos mais elevados do que outros”, disse o chefe do executivo.
Em Portugal, morreram 3.021 pessoas dos 187.237 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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