Segundo o boletim epistemológico publicado este domingo, 15 de março, pela Direção-Geral de Saúde, Portugal registou 245 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, covid-19.
No total, Portugal registou até ao momento 2271 casos suspeitos.
Há 281 casos a aguardar confirmação de resultados laboratoriais.
A par, há 4592 casos a serem vigiados pelas autoridades.
Os dados da DGS indicam ainda que há 1.746 casos de doentes que eram suspeitos, fizeram o teste e o resultado foi negativo.
Neste momento há 14 cadeias de transmissão e os casos importados são de Alemanha/Áustria (1), Andorra (1), Bélgica (1), Espanha (16), França (9), Itália (14) e Suíça (5).
Lisboa e Vale do Tejo é agora a região que regista o maior número de casos confirmados (116), seguida da região Norte (103), e das regiões Centro e do Algarve (10). Há um caso nos Açores e cinco casos confirmados no estrangeiro.
O Alentejo e a Região Autónoma da Madeira são agora as únicas sem casos registados pela DGS.
Se considerarmos as faixas etárias, há 1 caso até aos nove anos de idade, 25 casos entre os 10 e 19 anos, 28 casos entre os 20 e os 19 anos, 55 casos entre os 30 e 39 anos, 53 casos entre os 49 e os 49 anos, 43 casos entre os 50 e os 59 anos, 18 casos entre os 60 e os 69 anos e 22 casos de pessoas com mais de 70 anos.
Até ao momento estão 139 casos internados, nove dos quais na unidade de cuidados intensivos e há registo de dois casos recuperados. Isto significa que há 106 pessoas a recuperar em casa.
Os principais sintomas são tosse (53%), febre (31%), dificuldade respiratória (9%), cefaleia (19%), dores musculares (18%) e fraqueza generalizada (13%).
A Ministra da Saúde, Marta Temido, declarou sábado que Portugal entrou "numa fase de crescimento exponencial da epidemia", no mesmo dia em que a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou o número de casos de infeção confirmados para 169.
Nessa noite, e numa mostra de solidariedade para com os profissionais de saúde do país, Portugal foi às janelas aplaudir o seu esforço e dedicação nesta hora crítica.
Há todavia boas notícias a registar. Em comunicado, o Ministério da Saúde informa que o Instituto Ricardo Jorge "sequenciou o genoma do coronavírus SARS-CoV-2 associado aos dois primeiros casos de Covid-19 detetados em Portugal".
A sequenciação do genoma do novo coronavírus "pode revelar-se uma ferramenta importante a vários níveis, nomeadamente para a ação em saúde pública no contexto de surto, pois, além de poder sustentar cadeias de transmissão identificadas a nível epidemiológico, poderá também desvendar novas cadeias, bem como identificar a origem de novas introduções do vírus em Portugal", explica o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge em comunicado.
Em causa está a sequenciação de dois casos confirmados a 2 de março aos quais estavam associadas viagem a Itália e a Espanha.
Assim, isto irá "contribuir para melhorar o conhecimento da variabilidade genética deste novo vírus à escala mundial, o que permitirá um melhor desenvolvimento de medidas profiláticas (vacinas) e terapêuticas".
As conclusões do Instituto Ricardo Jorge "foram imediatamente partilhadas a nível internacional, através da plataforma online Nextstrain e do repositório GISAID".
Para efetuarem a sequência do genoma do novo coronavírus, os investigadores do Instituto Ricardo Jorge "amplificaram laboratorialmente o material genético do vírus e de seguida a sequência completa do genoma foi identificada com recurso a tecnologias de sequenciação de nova geração e análise bioinformática, efetuada através da plataforma online INSaFLU."
A sequenciação destes primeiros casos envolveu profissionais de várias instituições, incluindo as equipas clínicas dos Hospitais São João e Santo António do Porto e de laboratórios dos departamentos de Doenças Infeciosas (DDI) e de Genética Humana do Instituto Ricardo Jorge (Laboratório Nacional de Referência para a Gripe e outros Vírus Respiratórios, Unidade de Tecnologia e Inovação e Núcleo de Bioinformática do DDI), informa o Ministério da Saúde.
O próximo passo é sequenciar "o genoma do vírus associado a novos casos de Covid-19 em Portugal".
Na sequência deste surto, o governo declarou o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e anunciou a suspensão das atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira.
A restrição de funcionamento de discotecas e similares, a proibição do desembarque de passageiros de navios de cruzeiro, exceto dos residentes em Portugal, a suspensão de visitas a lares em todo o território nacional e o estabelecimento de limitações de frequência nos centros comerciais e supermercados para assegurar possibilidade de manter distância de segurança foram outras das medidas aprovadas.
Ontem mesmo, o Governo decretou que os bares vão ter de fechar portas a partir das 21:00 e a Autoridade Marítima Nacional interditou todas as atividades desportivas ou de lazer que impliquem aglomerados de pessoas, nas praias do Continente, Madeira e Açores.
Um decreto-lei do Governo publicado na sexta-feira determinou ainda que os trabalhadores podem optar pelo regime de teletrabalho aprovado no âmbito das medidas excecionais relacionadas com a Covid-19 sem que seja necessário o acordo do empregador, desde que a prestação à distância seja compatível com as suas funções.
Já tinham também sido tomadas outras medidas em Portugal para conter a pandemia, como a suspensão das ligações aéreas com a Itália.
A Organização Mundial da Saúde declarou entretanto que o epicentro da pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) se deslocou da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários site onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
Números da pandemia pelo mundo
O novo coronavírus matou pelo menos 5.796 pessoas em todo o mundo desde o seu surgimento em dezembro, de acordo com uma avaliação da AFP às 09:00 de hoje a partir de fontes oficiais.
Mais de 154.620 casos de infeção foram registados em 139 países e territórios desde o início da epidemia, que se tornou, entretanto, numa pandemia.
Este número de casos diagnosticados, no entanto, reflete a realidade apenas de maneira imperfeita, pois os países têm políticas e critérios de contabilidade mais ou menos restritivos, alerta a AFP.
Desde a contagem de sábado às 17:00, ocorreram 32 novas mortes e 2.839 novos casos em todo o mundo.
A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no final de dezembro, registou um total de 80.844 casos, dos quais 3.199 morreram e 66.911 recuperaram.
Na China, foram anunciados 20 novos casos e 10 novas mortes entre sábado e hoje.
Em outras partes do mundo, registaram-se 2.597 mortes (22 novas) até às 09:00 de hoje, num total de 73.780 casos, mais 2.819 do que às 17:00 de sábado.
Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 1.441 mortos e 21.157 casos, o Irão, com 611 mortos (12.729 casos), Espanha com 183 mortos (5.753 casos) e a França, com 91 mortos (4.499 casos).
Desde as 17:00 de sábado, a República Centro-Africana e as Seicheles anunciaram os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus nos seus territórios.
A Ásia totalizava até às 09:00 de hoje 91.707 casos (3.317 mortes), a Europa 44.747 casos (1.786 mortes), o Médio Oriente 14.011 casos (625 mortes), Estados Unidos e Canadá em conjunto 3.128 casos (52 mortes), a América Latina e Caribe 448 casos (seis mortes), Oceânia 303 casos (três mortes) e África 280 casos (sete mortes).
Esta avaliação foi realizada usando dados coletados pelos escritórios da AFP das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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