“Até à data, estão identificados um total de 69 casos da variante Ómicron por pesquisa dirigida de mutações e/ou sequenciação do genoma viral”, refere o relatório do INSA sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19.
Segundo o instituto, no âmbito da monitorização em tempo-real da “falha” na deteção do gene S, que permite identificar a variante Ómicron, realizada em colaboração com diversos laboratórios, foi possível reunir os dados referentes ao período de 25 de novembro a 12 de dezembro.
“Esta análise aponta para uma tendência crescente na proporção de casos positivos com falha do gene S desde o dia 6 de dezembro, atingindo uma frequência relativa de 9.5% no dia 12 de dezembro”, adianta o relatório.
De acordo com o INSA, esta tendência, em particular a observada nos últimos três dias, é “fortemente indicadora da existência de circulação comunitária da variante Ómicron neste período, em forte paralelismo com o cenário observado em outros países" que estão a utilizar a mesma abordagem para vigilância desta variante, caso da Dinamarca e do Reino Unido.
Esta nova variante, classificada como “preocupante” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em 24 de novembro, foram notificadas infeções em mais de 60 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
Dados de hoje do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, sigla em inglês) indicam que nas últimas 24 horas foram registadas mais 441 infeções por esta variante nos países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu (UE/EEE), elevando para um total de 2.127 casos confirmados até agora, todos assintomáticos ou com sintomas ligeiros de covid-19.
Para identificação da Ómicron estão a ser implementadas diferentes estratégias em Portugal, que passam pela análise de amostragens aleatórias semanais por sequenciação do genoma, pela investigação de amostras de casos suspeitos e pela monitorização em tempo-real da “falha” na deteção do gene S, um dos critérios laboratoriais utilizados para identificar casos da variante.
Relativamente à variante Delta, no período entre 15 e 28 de novembro o INSA registou uma prevalência de perto de 100% desta variante, estando em circulação diversas sublinhagens em Portugal, 33 das quais detetadas consecutivamente nas últimas três semanas com amostragens fechadas e análises concluídas.
O instituto ressalva que a discriminação da Delta em sublinhagens não indica que apresentem uma maior transmissibilidade, associação a doença severa ou maior capacidade de evasão ao sistema imunitário.
No que se refere às sublinhagens com a mutação de interesse E484Q, nas últimas amostragens registaram-se casos que apontam para a ocorrência recente de, pelo menos, três surtos não relacionados entre si nos distritos de Évora e Porto e na Região Autónoma dos Açores.
A ocorrência de mutações na posição 484 da proteína `spike´ na variante Delta tem sido rara, mas é alvo de monitorização apertada a nível internacional dada a sua potencial resistência a anticorpos neutralizantes e a sua associação a outras variantes de preocupação, como a Beta, Gamma e Ómicron.
No âmbito da monitorização contínua da diversidade genética do SARS-CoV-2, o INSA já analisou 23.068 sequências do genoma do coronavírus, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições, representando 303 concelhos de Portugal.
A covid-19 provocou pelo menos 5.311.914 mortes em todo o mundo, entre mais de 269 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.687 pessoas e foram contabilizados 1.200.193 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Comentários