Portugal regista hoje 1.479 mortes relacionadas com a covid-19, mais cinco do que no sábado, e 34.693 infetados, mais 342, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
Em comparação com os dados de sábado, em que se registavam 1.474, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,3%. Já os casos e infeção subiram 1%.
Na Região de Lisboa e Vale do Tejo (13.073), onde se tem registado maior número de surtos, há mais 255 casos de infeção (+2%). De acordo com o relatório da situação epidemiológica em Portugal, a região de LVT tem hoje 75% dos novos casos, depois de ter registado 90% das infeções no sábado, 89% na sexta-feira, 93,3% na quinta-feira, 91,5% na quarta-feira e 81,02% na terça-feira.
A região de LVT é onde se tem concentrado a realização de testes nos últimos dias.
Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, dos 255 novos casos registados em LVT, 101 provêm da operação de rastreio na Área Metropolitana de Lisboa.
Relativamente aos 342 novos casos reportados desde sábado, a região de LVT regista 255, a região Norte 54, o Centro 24, Alentejo 2 e Algarve 7.
Nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores não foram reportados novos casos, continuando com 90 e 141 casos, respetivamente.
Quando aos óbitos, o boletim hoje divulgado indica que foram registado mais 5 mortes, para um total de 1.479 desde o início da contagem em Portugal, três na região de LVT e dois na região Norte.
Em relação aos dados divulgados no sábado, LVT contabiliza 255 novos casos, para um total de 13.073, o Norte, com 54 novos casos, representa 16% dos novos infetados, para um total de 16.909, o Centro, com 24, representa 7% para 3.823, o Alentejo, com dois novos infetados, representa 0,6% para 268, e o Algarve representa 2%, com sete novos casos, para 389.
Na conferência de imprensa diária sobre a situação epidemiológica em Portugal, Marta Temida adiantou que as autoridades e administrações regionais de saúde do Norte e do Centro transmitiram que os números divulgados hoje dessas regiões “não são todos casos novos do dia”, correspondendo alguns “a notificações que foram recebidas, mas que não estavam ainda registadas nas bases de dados”.
Lisboa continua a ser o concelho do país com mais infetados, num total de 2.614 (mais 19 do que no sábado).
Sintra, também na Área Metropolitana de Lisboa (AML), é o terceiro concelho do país com mais infetados. Contudo, relativamente a sábado, não foram reportados novos casos, continuando a contabilizarem-se 1.558.
Na AML, Loures está com 1.209 (+18 que no sábado), a Amadora com 1.031 (+8), Odivelas com 678 (+23), Cascais permanente com 649, Oeiras continua com 495, Vila Franca de Xira está com 485 (+6), Almada com 455 (+8) e o Seixal com 450 (+8).
Ministra revê-se na razão do protesto contra o racismo, mas pede civismo
“Todos nos revemos” - garantiu Marta Temido - nos motivos das manifestações que aconteceram, no sábado, em Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Viseu, no quadro da campanha de solidariedade mundial contra o racismo e a violência policial.
“Não estamos em estado de emergência e, portanto, o direito à manifestação existe e cabe aos organizadores dessas manifestações garantirem que as regras de saúde pública (…) são cumpridas”, frisou a ministra da Saúde, quando questionada sobre a sua opinião em relação aos protestos nas ruas, na habitual conferência de imprensa diária sobre a situação de covid-19.
“A responsabilidade individual e (…) dos grupos é muito significativa e é o grande determinante da nossa ação”, reforçou, reconhecendo que a situação pandémica exige “distinto” comportamento físico e “atitudes” consonantes.
“Sempre que não tenhamos em atenção a boa necessidade de proteção é como se estivéssemos a não valorizar o intenso trabalho da saúde púbica, dos profissionais de saúde, dos profissionais dos serviços essenciais e a vida de tantos que hoje passam dificuldades (…) em resultado da pandemia”, alertou.
Portanto, quem organiza manifestações deve ter, na opinião da ministra, “atenção muito particular à forma como elas depois decorrem”.
Portugal está “a preparar nova reserva estratégica” de equipamentos
Marta Temido adiantou ainda que “continuam a estar previstas entregas de equipamentos de proteção individual ao longo das próximas semanas”.
Na segunda-feira de manhã, chegará “mais um voo” com “cerca de 20” ventiladores, acrescentou. No total, Portugal comprou 1.151 ventiladores, dos quais 717 já estão em território nacional ou em trânsito nas embaixadas e 434 estão por entregar.
A ministra aproveitou para atualizar os números relacionados com os equipamentos distribuídos desde o início da pandemia: 57 milhões de máscaras cirúrgicas e 11 milhões de máscaras FFP2 e FFP3.
"Estamos a preparar uma nova reserva estratégica, porque não podemos desguarnecer a nossa atenção a estes aspetos", frisou Marta Temido, reiterando que Portugal "não pode baixar a preparação para a doença”, que passa por três fatores: equipamentos de proteção individual, rede de referenciação em medicina intensiva, "que está a ser revista”, e capacidade laboratorial.
ACT vai reforçar a fiscalização no setor da construção civil
Duarte Cordeiro, convidado da conferência na qualidade de coordenador da Região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), explicou que a medida se deve aos surtos detetados na construção civil.
Duarte Cordeiro refere os testes de rastreio "em larga escala" feitos na região e alude aos "dados preliminares", que indicam uma percentagem de casos positivos no setor superior ao total de casos.
"A partir da próxima semana vai haver um reforço da inspeção e fiscalização da ACT neste setor, nesta região", anunciou o secretário de Estado.
A ministra da Saúde, Marta Temido, acentuou que, dos 342 novos casos de infeção no país, 255 são na região de LVT e, desses, 80 % concentra-se em cinco concelhos.
Sintra regista 273 casos, Lisboa 187, Amadora 171, Loures 135 e em Odivelas foram detetados 88 novos infetados.
"O rastreio que foi feito nas últimas semanas resultou da observação de um conjunto de surtos em obras de construção civil, mas também plataformas logísticas da região", frisa Duarte Cordeiro.
De acordo com este responsável, durante o processo de rastreio foram feitas entrevistas no sentido de averiguar carências de apoio social, "nomeadamente a necessidade de apoio temporário".
"Vamos agora fazer o cruzamento das entrevistas com os resultados dos casos positivos que foram identificados", adiantou Duarte Cordeiro, que acrescentou estarem a ser intensificadas, nos cinco municípios, as visitas de equipas mistas no âmbito de situações sociais.
O coordenador da Região de Lisboa e Vale do Tejo disse que também a PSP vai reforçar, "nos próximos dias", a sua ação nestes concelhos.
"Nos próximos dias a PSP vai reforçar a sua ação neste território, quer através da sensibilização, quer da verificação e cumprimento de medidas de restrição impostas. Se necessário, serão encerrados estabelecimentos comerciais que não promovam o cumprimento das regras", frisa Duarte Cordeiro.
Segundo o secretário de Estado, a PSP realizou oito mil verificações de cumprimento de medidas de isolamento, registou cinco situações de desobediência, de que resultaram cinco detenções, e encerrou 12 estabelecimentos nos cinco concelhos.
Lares com equipas de saúde familiar “enquanto durar” a pandemia
Marta Temido recordou que, até à data, “estas estruturas não fazem parte da carteira de serviços das equipas de saúde familiar”. Ou seja, a visita dos médicos de família aos idosos institucionalizados “não estava nas rotinas” do sistema.
“Não tivemos, até muito recentemente, a presença de equipas de saúde familiar, dos cuidados de saúde primários, no interior destas instituições, para além da intervenção da saúde pública, nas suas visitas de rotina, normalmente de dois em dois anos”, observou.
“Esta foi uma fragilidade que identificámos neste processo e que pretendemos garantir que não sofre um retrocesso”, frisou, justificando a referência, no Programa de Estabilização Económica e Social, “à necessidade de manter o apoio” da saúde familiar aos idosos institucionalizados em estruturas residenciais.
“Num momento posterior, teremos que avaliar como é que, com outros mecanismos, designadamente negociação com associações representativas dos trabalhadores, este trabalho adicional é também incorporado”, adiantou.
Situação diferente é a dos idosos internados na rede nacional de cuidados continuados e integrados, que têm, por lei, o apoio de profissionais de saúde.
Reconhecendo que houve “momentos de preocupação” nas estruturas residenciais para idosos, a ministra adiantou que das 300 unidades da rede nacional de cuidados continuados e integrados só 13 têm ainda doentes internados positivos, num total de 26 pessoas, e que não há registo de mortes desde 22 de abril.
Ministra desconhece intenção de encerrar Urgência do Hospital dos Covões
A ministra da Saúde afirmou não ter conhecimento oficial da intenção do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) vir a encerrar a Urgência do Hospital dos Covões e diz que qualquer decisão tem de ser técnica.
"Não tivemos ainda nenhuma abordagem formal quanto a esse tema, nem pela Administração Regional de Saúde do Centro, nem pelo conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra", respondeu hoje Marta Temido.
Questionada sobre a reestruturação do Serviço de Urgência para o nível básico a partir de julho, e a possibilidade de mais tarde vir a encerrar, Marta Temido disse ter tido conhecimento do assunto "pela leitura das notícias" e prometeu que qualquer decisão tem de ser técnica.
"As alterações às redes de referenciação hospitalar, sejam elas de urgência, sejam elas de qualquer outra valência, são processos complexos e que envolvem decisões técnicas", acentuou a ministra da tutela.
Marta Temido realçou que as "carteiras de serviços das instituições" não são definidas "apenas pelas próprias instituições".
Quanto à reestruturação do Serviço de Urgência para uma situação mais próxima da anterior à pandemia, a governante sublinhou ser "desejável".
"As enfermarias afetas à atividade Covid-19 serem utilizadas para atividade não Covid, isso é desejável. Tomáramos nós podermos fazer isso em todas todos os hospitais do país", acrescentou a ministra.
Segundo Marta Temido, essa alteração resulta da "evolução da situação epidemiológica" na região e considera o contributo do CHUC e da unidade a funcionar no Hospital dos Covões um "apoio absolutamente decisivo para os resultados" alcançados.
"Neste momento o regresso à normalidade da atividade deste local é desejável, mas precisaremos continuar a contar com esta disponibilidade para um eventual recrudescimento da doença", vincou a ministra.
O boletim ao detalhe
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.909, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 13.073, da região Centro, com 3.823, do Algarve (389) e do Alentejo (268).
Os Açores registam 141 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A região Norte continua também a ser a que regista o maior número de mortos (806), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (398), do Centro (244), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sábado, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 749 vítimas mortais são mulheres e 730 são homens.
Das mortes registadas, 1.000 tinham mais de 80 anos, 282 tinham entre os 70 e os 79 anos, 130 tinham entre os 60 e 69 anos, 47 entre 50 e 59, 17 entre os 40 e os 49. Há duas mortes registadas entre os 20 e os 29 anos e uma na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 398 doentes estão internados em hospitais, menos 16 do que no sábado (-3,86%), dos quais 58 em Unidades de Cuidados Intensivos (mais um).
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.614), seguido por Vila Nova de Gaia (1.592), Sintra (1.558), Porto (1.414), Matosinhos (1.292), Braga (1.256) e Loures (1.209).
Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 338.500 casos suspeitos, dos quais 1.352 aguardam resultado dos testes.
Há 302.455 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 20.995 (mais 188).
A DGS regista também 29.312 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 19.766 são mulheres e 14.927 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.776), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.837) e das pessoas com idades entre os 30 e os 39 anos (5.361).
Há ainda 4.749 doentes entre os 20 e os 29 anos, 4.651 com mais de 80 anos, 3.707 entre os 60 e 69 anos, e 2.701 entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 793 casos de crianças até aos nove anos e 1.207 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
A pandemia de covid-19 já provocou perto de 400 mil mortos e infetou mais de 6,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
(Notícia atualizada às 17:45)
Comentários